Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Do sabor da crítica (1.2)

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E, das entranhas d'A Barriga, a contra-resposta a Nuno Grande.

Do sabor da crítica (1.1)

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Do lado de lá do Atlântico, a farpa de João Amaro Correia a propósito da pertinência da proposição de Nuno Grande.

Interlúdio (musical)

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Mimesis Museum, Pajo Book City, Coreia do Sul, Álvaro Siza, Carlos Castanheira, 2009 (fonte: Últimas Reportagens / Fernando Guerra)

Fosse por um qualquer lapso, porventura devido a momentânea distracção, e achar-se-ia completamente estapafúrdio aquele bochecho de espaço que sobra da intersecção do pátio com o canto.
Mas não: passada a momentânea distracção, e afastado o correspondente lapso, percebemos que estamos afinal perante um canto. Um simples canto. Um canto de Sereia.

Do sabor da crítica (1)

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Há umas semanas atrás, numa conversa paralela a esse evento cujo teor não mais poderá ser referido, Nuno Grande poria em causa a legitimidade dos Blogues em esboçar qualquer tipo de crítica.
Afirmava Grande que a aparente facilidade com que se aborda uma qualquer obra de arquitectura num Blogue não mais é do que um simples e desagradável exercício de ligeireza e de libertinagem, pouco próprio da responsabilidade a que se obriga todo aquele que reflecte sobre a disciplina.

A Tese de Grande sustenta-se na ausência de qualquer tipo de critério, de crivo, ou de objectividade por parte de todos aqueles que publicam opiniões (maldizentes, na maioria das vezes) sobre o trabalho dos outros; devendo-se tal facto, segundo Grande, à ausência de um sistema de legitimização de tudo aquilo que aparece escrito nos Blogues. Em rigor, Nuno Grande crê que o acto de reflexão e de produção crítica ou teórica nunca poderá ter lugar num lugar (passe o pleonasmo) onde não existe ninguém (para lá do autor) que possa confirmar (ou, em limite, recusar) o teor das ideias ou opiniões que aí são expressas.

Para Grande, expôr uma ideia numa revista, numa academia ou num seminário (onde naturalmente existe um editor, um júri ou um comité científico) será o único garante da qualidade e do rigor dessa exposição; pelo simples facto do seu teor passar a estar validado por um quórum alargado, que necessariamente partilha responsabilidades pelo que é dito ou pelo que é escrito.

Mais: Grande defende (veementemente) que um Blogue que tente reflectir sobre a produção arquitectónica constitui, em primeira mão, um perigo: não só para o objecto alvo de determinada reflexão (e, por arrasto, para autores desse objecto, que desse modo vêm o seu nome e o seu objecto de trabalho arrastados na lama da web), mas também - sobretudo - para o autor do próprio blogue, irremediavelmente associado à prática da libertinagem egocêntrica e da maledicência, doravante impossibilitado de poder exercer a credibilidade em todo o seu esplendor.

Partindo do pressuposto que Grande tem razão, poderiamos chegar todavia a uma conclusão relativamente simples: se reflectir (escrever, falar, críticar, opinar) sobre arquitectura tal como hoje é feito em revistas, academias ou seminários em Portugal equivale à ideia de consentimento, então os Blogues constituem porventura a possibilidade de fuga ao consenso.

Se a fuga ao consenso não será, só por si, facto especial a assinalar, a ideia de autonomia crítica ganha contornos bem mais interessantes se pensarmos no panorama extraordinariamente conservador da reflexão arquitetónica em Portugal. Porque se é verdade que nunca, como hoje, existiram tantas possibilidades de se apresentarem, discutirem e se concluirem ideias - seja através de exposições, conferências, seminários, revistas e outras publicações que cada vez mais enchem as prateleiras das livrarias - certo é que essa multiplicidade de pontos de vista não trouxe qualquer tipo de qualificação ao debate arquitectónico.
Se a divulgação arquitectónica nunca foi tão eficaz, tal facto não abriu no entanto portas a um debate que nos permitesse validar o seu conteúdo, nem mesmo a uma crítica que pusesse em causa o seu valor.

Vem tudo isto a propósito de um texto de Tiago Mota Saraiva (roubado, pel'As Catedrais, ao Facebook) e da (falta de) discussão que provocou, tanto aqui, como ali.
Se a intervenção de TMS procurava de algum modo iniciar o debate sobre a natureza epistemológica (e politica) da Trienal, o tipo de reacções que suscitou resumiu-se a apelida-la de tola (por parte do autor do Blogue de Arquitectura mais popular em Portugal) ou, pior ainda, a etiqueta-la de simples reacção de azedume pessoal.

Este exemplo virá, em limite, dar razão à tese de Nuno Grande: a opinião (pessoal) de Mota Saraiva revela-se frágil. Frágil não tanto pelas ideias de TMS - que não chegaram sequer a ser discutidas - , mas pela falta de sustentação do texto; reflectindo desde logo essa condição (algo limitativa, é certo) da escrita curta e corrida própria dos blogues e de suportes similares.
Por outro lado a publicação do texto não terá, aparentemente, acrescentado nada de positivo ao debate: as reacções que provocou resumem-se a sugestões de má fé do autor, ou então a arrivismos de tom pessoal (é ver o comentário de Ivo Sales Costa n'A Barriga, e posterior resposta de Carrapa).
Sobre a Trienal (que seria o ponto principal da discussão que TMS se propunha a iniciar): nada.

Na verdade venho reflectindo há algum tempo sobre esta suposta validade dos Blogues em suportar discussões verdadeira e colectivamente úteis em torno da arquitectura.
Por um lado tem(-me) sido difícil chegar a conclusões que ultrapassem a esfera meramente pessoal dos textos, opinões ou críticas que são veiculados pelos poucos blogues de arquitectura que de algum modo procuram ser interventivos em Portugal.
Mesmo no caso em que os textos publicados são claros - já que, muitas vezes, o texto original nos surge encriptado -, e devidamente argumentados - o que se demonstra difícil num suporte que não convida à leitura de textos longos - , o tipo de reacções que suscita só pontualmente permite acrescentar algo mais ao texto original.
Por outro lado é cada vez mais claro que um qualquer texto publicado num blogue sobre determinado projecto ou obra é na maior parte das vezes tido como um ataque directo ao seu autor, e não tanto como um contributo para a construção do significado desse objecto. Um simples exercício de maledicência, portanto: destrutivo, inibidor, libertino. E sem qualquer tipo de generosidade construtiva.

São poucas as reacções directas a textos publicados n'As Catedrais. Mesmo aqueles que visam directamente uma obra, concluem-se quase sempre pelo teor do que escrevo; sendo poucas vezes confrontados, e nunca contrariados pelos seus autores.
E no entanto, ao invés de se criarem pontos de discussão e de contrução de ideias, esses são os texto que nos levam a criar imimizades; ou, como diria Nuno Grande: actos que nos levam a cavar as nossas próprias sepulturas.

Percebe-se, então, porque não existe crítica de arquitectura em Portugal: ninguém quer, afinal, cavar a sua própria sepultura. Confirmando, aliás, a resposta que um dia me foi dada por um editor de uma das revistas nacionais com maior implantação no mercado, ao desafio em começar a publicar textos críticos nas páginas da sua revista.


ps. que este texto sirva também de resposta (atrasada, muito atrasada) a Tiago Borges.

Colescistectomia Laparoscopica

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Hospital de Veneza, Le Corbusier, 1967 (fonte: MoMA)

É de algum modo curioso sermos obrigados a concluir que os hospitais servem de facto para algo mais do que pretextos para se pensar arquitectura. Embora seja inegável que quase todos os hospitais a dispensem.

Cuando las Torres eran Blancas

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Torres Blancas, Francisco Sáenz de Oiza, Madrid, 1969

the car, de thief, his wife and her gallery

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Dymaxion, Buckminster Fuller, 1933

Afinal esta coisa ainda existe. Pode ser vista (ao vivo e a cores) numa exposição chamada Bucky Fuller & Spaceship Earth. Comissariada pelo Luis Fernández-Galiano e por Norman Foster. Em Madrid. Na Galeria IvoryPress. Até final de Outubro. Pertence tudo ao Foster: o carro, o projecto da galeria, a dona da galeria e a própria galeria. Até final de Outubro. Depois acaba.

Today Madrid

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A partir de agora as Catedrais também são espanholas.

Mature, she said

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This is a mature piece of architecture, diz o júri do Stirling Prize. Como se agora se pudesse olhar para a obra de Hadid como o exemplo de maturidade. Já o Chipperfield...

Roots of disobedience

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Em relação à 2ª edição da Trienal de Arquitectura, toma-se a liberdade de exportar (a partir do facebook) um texto de Tiago Mota Saraiva intitulado Roots of Disobedience, que permite de algum modo abrir a discussão em torno do paradigma deste tipo de eventos: para que servem afinal estas Trienais?

The second edition of Lisbon Architecture Triennale will be starting on the 14th October. The motto “Let’s talk about houses” (withdrawn from a poem by Portuguese great poet Herberto Helder) unveiled by the organization as the idea “to debate the question of housing both literally and in a broader sense of housing in the world”.

Despite such noble intentions the program is very conservative since focused on regular stand-up lecturers and traditional museum’s exhibitions. Even though we might see brilliant presentations or fantastic pictures from contemporary architecture, Lisbon Architecture Triennale program has no space for uncertainty, which makes me think that 2010 Venice Biennale’s Golden Lion “Reclaim” will never have place on it.

On the other hand the prices announced for the events are unaffordable for the majority of Portuguese people. Two days of “architecture [in] ]out[ politics” conferences costs 150,00 €, which represents one third of national minimum wage. On a country submerged by the crises, when then majority of people are suffering violent cuts on wages and social benefits and when demonstrations and strikes will be popping up in all corners of the city, Lisbon Architecture Triennale might be closed on a resort that only some can afford.

But this is only a forecast supported on available information.

Participants and guests will play a decisive role choosing to embody one more architects' belly showroom – that might be so useful for their own income profits as useless to society, or turning their back to resorts and spreading new roots within inner city.

tms

Mgd

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Ler isto recordou-me a razão que um dia, há já uns bons 14 anos, me levou a querer bater à porta desse mesmo senhor: a generosidade e a liberdade com que alguns conseguem olhar o mundo. E sim: bati-lhe à porta.

A República vista por uma Monarquia

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São do El Pais as primeiras imagens compreensíveis do Fundação Champalimaud. Não partilhando do entusiasmo crítico de Ana Vaz Milheiro ou de António Machado, a obra de Charles Correia será ainda assim um coisa a confirmar. Brevemente.

home suite home

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Julião Sarmento, Cromlesh, 2010; sobre a Casa Candeias, de Carrilho da Graça

É no mínimo divertido, tentar um cruzamento do último parágrafo do La Buena Vida - Solo a través de un esfurzo así podríamos pensar la casa que aún no tenemos, podremos levantar la casa que nos conmueva por completo - do Abalos com as imagens que Sarmento nos deixa da Casa Candeias: uma jovem nadando na piscina, outra saindo do duche, um queixo, um joelho, uma curva do pescoço.

Por outro lado poderemos sempre aceitar essa ideia que nos diz que a arquitectura não necessita de nos comover por completo. E a arte muito menos. E então as coisas tornam-se, enfim, bastante mais aceitáveis.

Adenda à entrada anterior: de Figueira em Figueira até à vitória final

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De repente o problema já não é tanto saber o que a Escola do Porto poderá fazer com o Figueira, mas antes o que é que a Figueira poderá fazer pela Escola do Porto.

Surfin'Bird (Live 2010)

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A-well-a everybody's heard about the bird

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