Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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No Place Like: Portogallo

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A morte de Sardanapalus, 1828, E. Delacroix

Falso alarme. Afinal a representação portuguesa na Bienal de Veneza de 2010 será composta por Ricardo Bak Gordon, Carrilho da Graça, Aires Mateus e Siza Vieira. A responsabilidade de tão inovadora escolha - sob o título No Place Like - é da responsabilidade dos comissários Julia Albani, José Mateus, Rita Palma e Delfim Sardo.
De referir ainda que a exposição central, comissariada por Sejima, contará com a participação de Aires Mateus.

Não pondo em causa a qualidade dos trabalhos e dos respectivos autores envolvidos, pensa-se que a representação portuguesa é insensata, e totalmente inútil. As razões (para quem tiver paciência): aqui, e depois ali.
Mais: julga-se que a eternização dos referidos autores por este tipo de circuitos internacionais afasta qualquer hipótese de explorar a necessária heterodoxia e a disponibilidade da arquitectura nacional, já de si escassa em possibilidades. Facto esse que é sempre de lamentar.

Seria de esperar que a existência de um comissário externo à arquitectura - como o é Delfim Sardo -, e de um autor como José Mateus - que entre outras coisas, foi co-responsável por um dos mais estimulantes momentos da arquitectura em Portugal na década que passou - à frente do Pavilhão Português, permitisse uma outra forma de interpretar a criação nacional. Qualquer uma que não envolvesse a facilidade, pelo menos.

10 comentários:

Anónimo disse...

Vi hoje uma obra notável. Boa e de tanta genuidade que só a intenção anónima é capaz de produzir...

Veneza, tão longe.

Quem é essa gente que refere?

Quando as Catedrais eram Brancas disse...

É ler o texto (em duas partes) que "linko", e perceberá.

Anónimo disse...

se mentes (pouco)brilhantes deste nosso PT continuarem a insistir neste tipo de "oportunidades perdidas", o país nunca abandonará a sua condição de provinciano... triste e hilariantemente provinciano!!

João Barrancos disse...

há um facto curioso: Aires Mateus e Carrilho da Graça são eles próprios comissários da Trienal de Arquitectura de Lisboa, que é a instituição que gere a representação portuguesa à Bienal de Veneza. Aires Mateus é responsável pela exposição da Cova da Moura, da dita Trienal; e João Luís Carrilho da Graça é responsável pelo concurso de Angola. O mundo da arquitectura portuguesa é pequeno.

Anónimo disse...

joão, realmente esse facto é curioso, mt curioso... permite-me no entanto o acrescento: potencialmente o mundo da arquitectura portuguesa nem seria assim tão pequeno, não fosse ele tão somente o reduto daqueles poucos que o querem pequeno...

AM disse...

podiam resolver a coisa com um jantar
comida de plástico, em três tristes sílabas, que sempre saía mais barato
a todos
qual é/foi o momento estimulante?

Quando as Catedrais eram Brancas disse...

Julgo ser irrelevante do ponto de vista (disciplinar, pelo memos) a partilha de cargos institucionais por comissários e autores. Como julgo também que tal representação não envergonhará ninguém: afinal - para lá de eventuais questõesde posicionamento - o trabalho dos quatro nomes escolhidos não é propriamente de desprezar.
A questão aque será apenas uma: a de mais uma vez deixar para trás a oportunidade de pensar uma representação potencialmente construtiva, quem sabe arriscada, para apostar em fenómenos sobejamente conhecidos, mas com pouca relevância propositiva.
Se é verdade que há qualquer coisa de indiscutível na obra dos quatro autores; é exactamente aí que reside o problema: nada mais haver a discutir. Pensando-se, claro, que a essência de uma Bienal reside exactamente na discussão; mais do que na confirmação

AM disse...

não discutiremos a arquitectura (portuguesa)
não discutiremos as representações (seria antipatriótico e malcriado da nossa parte), as embaixadas ao exterior
não discutiremos a escolha dos comissários nem, dos comissários, as escolhas
não discutiremos (por evidente "irrelevância"...) a "sobreposição" (como nos casais...) dos papéis...
não discutiremos a saborosa sapiência das (não menos patrióticas) pescadinhas de rabo na boca
ajoelhemos, nas lajes frias da brancas catedrais, e "oremos"...
a gosto...

tiago borges disse...

...jogar pelo seguro...

Anónimo disse...

Até parece que os nomes propostos têm muito a ganhar com esta representação - bem o Bak Gordon até tem ! Veneza para confirmados, entenda-se! A escolha é poucochinha, parece-me.Revela pouca ousadia. Uma escolha tão empoeirada de arquitectos dir-se-ia de uma estrutura pouco ágil - parece uma escolha 'a la Ordem dos Arquitectos'. Não via a Trienal nesta embrulhada. que escolha desafortunada, não?

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