Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Os pássaros

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Bem sei que é pura especulação. Bem sei que pode até ser simples coincidência. Mas na verdade nunca antes se tinham visto aves de rapina sobre Veneza. Fenómeno esse que nos poderá levar a concluir que a arquitectura (portuguesa) está de facto em avançado estado de decomposição. Ou então que o corvo se tornou definitivamente numa espécie de mensageiro da bonança.

Se formos a ver, tando uma como a outra hipóteses não se contradizem necessariamente.

9 comentários:

arquitectura da pornolândia disse...

E colocar legendas que descodifiquem o que se diz (ou não) por aqui??????

(il) architetto disse...

Corvo torvo (vinicio capossela)

Corvo torvo seduto sopra il bordo
all'erta in guardia tra gerani e trasmissioni
aggrappato tra la luna e la luce che consuma
spia dal lucernario il quadro obliquo dell'orario

Corvo ingordo abituato alla camelie
al profumo dei cassetti, al riflesso degli specchi
stringe in mezzo al becco la cornetta che lei stacca
mentre Billie non la smette di cantare ''Man I love''

Giro sottocasa nel quartiere
corteggio i muri a fianco del cortile
e non m'incanto di salire
non salirò stasera e non mi importa
che c'è dietro la porta

Come un corvo tra ragazze di quartiere
che non hanno niente da arrivarti nelle vene
fai una mossa e volan via
mentre strisciano sui piedi
ti salutano e lo vedi
che non basteranno più

Corvo torvo aggrappato sotto il tetto
gonfio tronfio a dispetto sopra il letto
luce di candela trema sul fondo della sera
tremano le ombre come un ragno che si fonde
gracchia sul rumore del suo gemito che muore
gracchia lui che vede
a cosa cede quando crede.

Stà scoppiando in strada il carnevale
coriandoli e girandole a saltare
e stelle filanti, sopra tutti quanti
girano le maschere e m'abbracciano d'amore
Lucifero non smette di saltare
Linee d'ombre e segni tra l'azzurra biancheria
persi nelle pieghe di chi è già scappato via
il corvo non lo dice ma già sa che già io lo so
come lei lo vede quando cede, quando crede

Corvo torvo seduto sopra il bordo
occhio non vedere, paura non avere
un'altra notte da bruciare sul suo gemito che muore
ma sarò io a ritornare, menti ancora per favore...

Quando as Catedrais eram elementares disse...

é curioso: conheço (muito) pouca gente que sabe de Vinicio Capossela. Na verdade só conheço duas pessoas que sabem de Vinicio Capossela. Ambos arquitectos por sinal. Ambos a dominar - um menos que outro - o italiano. Um deles foi até convidado para traduzir qualquer coisa mais ou menos pública do Capossela, há já alguns anos. Ora: cruzando o facto de serem poucos os conhecedores da vida e obra de Capossela com o potencial perfil de comentadores d'As Catedrais; facilmente nos é dado a ver o nome que se esconde por detrás desse (il) architetto.

AM disse...

eu só vi o filme

e ouvi os discos

Anónimo disse...

palavras acabadas em -mente não têm acento.

(il) architetto disse...

Não é fácil não, por várias razões:
1 - o universo das pessoas que existem não coincide com o universo das catedrais, é um pouco mais vasto...
2 - Pedro Costa, eu não o conheço pessoalmente.
3 - Conheço muito bem o obra do Vinicio, desde 1999, ainda antes do lançamento do "Canzone a manovella", vi-o em 2007 em Lx e no mês passado na casa da musica, só não o vi nas minhas incursões por Itália pq não calhou, por pena minha...

Diz que disse...

que já não há pachorra para estes discursos encapotados

alma disse...

Muito obrigada pela dica do Capossela :)))
Agora já posso deixar por uns tempos a Edith Sitwell...

alma disse...

Ah, nunca o tinha ouvido, e adorei!

Obrigada!

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