Museu de Arte de Caracas, O. Niemayer, 1954
Capela da Luz Eterna, Ponta Garça, S. Miguel, Bernardo Rodrigues, 2003/...
Não seria preciso ter lido toda a história crítica do Tafuri, nem todo aquele monte de livros que o Benevolo nos deixou, para tirar a mais óbvia das conclusões que nos é dada pela história da arquitectura ocidental. Essa mesmo, que nos diz aquilo que toda a gente já sabia: não há autor maior que não tenha num ou noutro momento da sua vida desenhado (pelo menos) uma pirâmide.
Desde o Corbusier ao Rossi, do Herzog ao Kahn, passando pelo Boulée ou o Wright, todos desenharam uma pirâmide. Há uma (má) pirâmide do Foster, uma pequena pirâmide do Philip Johnson, a quase pirâmide do Aalto, os pilares em pirâmide do Nervi e os telhados em pirâmide do Candela, um edifício piramidal do Taut, e a base em pirâmide do Breuer . O Tatlin, evidentemente, tem a sua pirâmide. O Zumthor também. O Souto de Moura tem duas, sotadas, e outra inteira, o que dá três. E o Manuel Vicente tem muitas pirâmides, pequeninas; tal como o koolhaas aliás. Há ainda uma pirâmide num esquiço do Siza. E, claro, podemos sempre ver o Mies de um ponto de vista piramidal.
E depois, depois há aqueles outros autores que a superam, à própria história da arquitectura, demonstrando que as coisas são afinal para serem vistas de pernas para o ar.
16 comentários:
olhe desculpe, qual é a diferença entre uma piramide e um cone?
muito obrigado.
João Egípcio, é simples: a diferença entre uma pirâmide e um cone é exactamente a mesma que a diferença entre a metáfora e a inabilidade em entendê-la.
explique-me pf, que metáfora é essa no caso do zumthor ou do johnson por exemplo.
Gostei de ver Bernardo ao lado do mestre Álvaro Siza numa noite em Londres. Fotografado por um daqueles fotógrafos talentosos. Vou colar a foto de Bernardo na face interor do meu cacifo.
Caro João (o) Egípcio: não há qualquer tipo de metáfora no caso do Zumthor ou do Johnson. A haver alguma questão importante (e não é importante, pois não?), essa revela-se exactamente no momento em que V. Excia. decide, de forma consciente e algo austera, continuar a (querer) confundir forma com conteúdo. O que, sendo um erro comum nos arquitectos, implica um reducionismo; que - como em todos os reducionismos - torna a linguaem, digamos, menos interessante.
A continuar assim, não só se vai dispensar de encontrar pirâmides em Johnson ou em Zumthor, como, nunca vai dar com pirâmide alguma. Ou, pior ainda, nunca a vai intentar.
Magda: fico contente por lhe ter dado a oportunidade de tornar o seu dia-a-dia mais feliz.
A única dúvida que se me coloca é saber até que ponto o uso intensivo da fotografia lhe será útil.
Credo! Uso intensivo?
Deveria ter referido "o meu baú". E não cacifo.
É no baú que guardo as banalidades. E o arquitecto que refere não passa disso mesmo: ego banal aos pulos para aparecer!
Então é no baú que guarda as banalidades? Singular opção essa, a de usar o baú para guardar banalidades, quando outros o usam para guardar tesouros. E segredos bem guardados.
Quanto ao ego, não sei até que ponto é banal. Mas não me parece. Alás, tenho a ideia que um ego, por definição, nunca é banal. Mas isso sou eu, que ainda acredito nos egos. Embora nunca visse nenhum aos pulos.
gostei muito deste post, só queria acrescentar que o arq. Álvaro Siza não só desenhou como também construi pelo menos uma prirâmide na cobertura do Museu de Santiago...para além daquelas que ficaram em projecto no Museu para Kiasma.
continuação de bons post...
De facto, Carlos, há um lanternim piramidal em Santiago, mas julgo que é na biblioteca da Escola, também em Santiago. Coisa a confirmar.
João Amaro Correia. É lá ir espreitar.
acrescento que a mostra de fotos sem capacidade de selecção da pirâmide invertido do BR no archdaily, mostra, entre outras coisas, uma incapacidade a vários níveis que se revela preocupante (e o mesmo aconteceu com Casa do voo dos pássaros) estará o BR a queimar-se ao começar a construir? estará a incapacidade separar forma e conteúdo, como já foi aqui referida completamente destruída?
Não vou acompanhá-lo na dissertação em torno do ego que desenvolveu na sua escrita voluta. Entre o ego e o orgulho, prefiro o segundo.
Irei directamente ao assunto:
A afirmaçâo pessoal do autor em presença tem passado por uma estratégia típica de alguns arquitectos dessa geraçāo que assenta na vacuidade que é a gestão da imagem pessoal: entrevistas, publireportagens, etc...pouca obra, pouca adição cívica mas muita conversa!
Creio que as (poucas) obras do arquitecto que menciona são francamente más: a capela assemelha-se ao design de uma jarra de cemitério e a casa dos passarinhos vinda do cenário de filme de classe B.
Claro que merecem o seu lugar no mundo mas não são de todo arquitectura de excepção como...por exemplo: a casa que foi prémio Secil há uns anos atrás, contruida também nos Açores.
Jà agora agradeço o facto de me ter "dado a oportunidade" de conhecer o genial trabalho de Pedro Bandeira!
Obrigado, MA
Cara Magda: tomei a liberdade de lhe responder aqui. Obrigado
Caro Bernardo; para além do e-mail tardiamente enviado, junto resposta ao teu comentário. Um abraço
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