Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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O Americano amigo

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Brad Pitt, determined to put his dual passion for architeture and for environmentally, invited architects from aroud the globe to New Orleans, in Architectural Digest, Capa; Janeiro 2009

Não sei bem a que propósito se lembraram de chamar a esta coisa Make it Right, quando tudo parece afinal tão wrong (que banalidade escrever assim, com estrangeirismos enfiados a meio ou nos fim das frases com violência, mas enfim).

Pode ser que a minha opinião seja toldada pelo preconceito que me diz que alguém que faz uma coisa bem feita (partindo, claro, do pressuposto que são bons os papeis que Brad Pitt faz nos filmes de Fincher, o que pode bem ser o início de longa discussão) não devia tentar fazer outra coisa qualquer; porque essa outra coisa qualquer tem tudo para correr mal.

O Boris Vian por exemplo, que não sendo grande escritor também não escrevia mal, mas tocava pessimamente. Ou o Woody Allen, que nunca conseguirá ser um músico que se vai ver (ouvir) pela música que toca. O William Burroughs, o melhor drug tester (lá estou eu) de sempre mas, talvez por isso mesmo, um escritor menor. O José Rodrigues dos Santos, que é aquele apresentador de telejornais da RTP que um dia julgou poder escrever romances. As teses de Luc Ferry, que eram brilhantes até o homem julgar que queria ser Ministro. O Siza. O próprio Siza, quando se acha escultor. O Hemingway: ao que consta, um excelente caçador. O Michael Jordan, que quis ser jogador de baseball depois de ter deixado a NBA.
A única excepção à regra, que se lembre, é o Duchamp: óptimo jogador de xadrez e brilhante charlatão. Mas, claro, isso era feito em simultâneo, pelo que não conta.

















Make It Right, da autoria de Graft, 2009

No entanto Brad Pitt ajuda-nos a confirmar aquilo que não parecia ainda ser assim tão óbvio: a ausência de relação directa entre a (qualidade da) arquitectura e a sua utilidade social.

Mais: contraria a tese de que o futuro da arquitectura passará pela sua aplicação em territórios operativos que na verdade nunca lhe foram propensos.
Porque se é verdade que a atenção disciplinar se quis desviar das suas fontes, procurando exercer o seu activismo na América do Sul, nas décadas de 70 e 8, transferindo, depois, a sua melhor atenção para África; certo é que os resultados obtidos, bons ou maus, continuam a ser objecto de discussão apenas pelas gentes que frequentam cátedras nas universidades ocidentais.

De Make It Right resta-nos o consolo que o erro, desta vez, se deve à ingenuidade apenas.

2 comentários:

alma disse...

LOL,
qt ao Brad não faço a minima ideia :)
mas o Woody parece-me óptimo :)))) ou será a banda que é excelente... :)))
qt ao Siza não fazia ideia que tb fazia escultura :))) mas como designer LOL é terrivel !

AM disse...

eu gosto de escrit(ic)as violentas :)
not make it right but do the right thing (spike)
afinal de contas a dimensão ética é inseparável da arquitectura (ou não...)
e olha que não é nada "certo é que os resultados obtidos, bons ou maus, continu(e)m a ser objecto de discussão apenas pelas gentes que frequentam cátedras nas universidades ocidentais."
há mais mundo para além do (velho) umbigo do velho continente...

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