Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Ter. Merecer.

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imagem: China, Michael Roulier, 2009

Não retirando vírgula que seja ao Comentário de Gadanho sobre o que aqui foi escrito, parece no entanto que a origem da previsível falência do Pavilhão Português em Shanghai estará a montante do seu comissário.

Sabemos, claro, do ambicioso lema da Parque Expo (Re:inventar o Território). Também não esquecemos esse auspicioso protocolo firmado em Maio passado entre a direcção da dita Empresa e a Ordem dos Arquitectos, visando exactamente a promoção dos processos de concursos de concepção de projectos de arquitectura.
Tudo isso faria adivinhar uma mudança estratégica da Parque Expo, o que não deixava de ser uma boa notícia.

Convém não esquecer que a Parque Expo é uma empresa financiado com dinheiros públicos. No entanto o seu campo de acção tem-se sobreposto vezes de mais à capacidade privada existente, concorrendo directamente com ela, usando-se do seu estatuto para angariar enormes quantidades de trabalho: os programas Polis, ou a Sociedade Frente Tejo são os seus mais recentes encargos.
Poder-se-ia afirmar que a Parque Expo fará concorrência desleal ao mercado privado: seja ele dos promotores, dos urbanistas ou dos projectistas; o que de certa forma é um facto.
E o entanto a explicação para a existência de uma Parque Expo poderia ser simples: assegurar uma qualidade exemplar no planeamento e na gestão urbana, ainda escassa no sector privado em Portugal.

Quando digo que a assinatura de um protocolo entre a Parque Expo e a OA constituiria um sinal positivo; falava exactamente naquilo que poderiam ser as mudanças que a tornariam, à Parque Expo, uma verdadeira instituição de utilidade pública: a redução de fenómenos como aqueles que a Sociedade Frente Tejo vem promovendo, ou a extinção do concentracionismo promovido pelas Polis um pouco por toda o país.

Não sei de facto se isso será algum dia uma realidade. Se a Parque Expo (como aliás a Epul ou a Invesfer) decidirá aproveitar da melhor forma os recursos públicos à sua disposição para fazer melhor pelo nosso património urbano.

No entanto repito: no caso dessa gota no Oceano da Parque Expo que é o Pavilhão Português, parece que a origem do problema estará a montante da instituição, e do respectivo comissário.
Senão repare-se: em Fevereiro de 2009 (exactamente um ano depois do concurso para o Pavilhão Dinamarquês) não era ainda conhecido oficialmente o nome do responsável máximo da representação oficial portuguesa a Shanghai. Admitamos: ao contrário do que nos é garantido por Quartin Santos, o embaixador português na China- quando diz haver todo o empenho em garantir uma participação nacional condigna -, iniciar um processo como este com tão curta antecedência ao evento inviabiliza qualquer ambição, por mínima que seja, da participação portuguesa.
O fenómeno é amplo e generalizado: as urgências que supostamente vão dando cobertura a decisões pouco civilizadas não são mais do que a confirmação do diletante laxismo com que a política vai lidando com a realidade.

O problema é-nos de certa forma grave, se pensarmos que numa democracia essa política diletante e laxista vai sendo feita por nós, ou com o nosso consentimento.

Ao que se conclui: cada um tem o Pavilhão que merece.
Ter melhor equivale a merecer melhor.

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