Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Dos instrumentos

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Tivéssemos nós de nomear o instrumento que a prática da arquitectura mais necessita, provavelmente era de ambição que falariamos.
Fazer arquitectura assenta na ambição. Desmesurada. Impraticável. Intransigente. Em tornar alguma coisa numa coisa única. Concordêmos: não haveria Brunelleschi sem ter havido ambição. Nem Bramante. Nem Alberti ou Della Porta. Michelangelo. Ou Palladio.
É nessa desmesura que porventura residirá a explicação de todo esse tempo gasto a pensar em inutilidades, quando a expectativa primeira em fazer-se um edifício reside exactamente na sua utilidade.
Sem sermos evidentemente capazes de pôr de parte o tempo gasto em todas essas inutilidades - nem que seja pela simples razão de ser esse mesmo tempo gasto em inutilidades o sustento das nossas acções, sem o qual nos sentiríamos ridículos ainda mais vezes do que aquelas que nos sentimos -, não deveríamos no entanto esquecer que a ambição não é transferível.
Quer dizer: se a ambição é o nosso mais poderoso instrumento de trabalho - aquele que um dia nos permitirá fazer coisas vagamente aparentadas com a Fiesole (isto só para não sair do quattrocento); ela não deveria extravazar essa simples condição oficinal.

1 comentários:

alma disse...

A Vaidade é que comanda a vida :)

BOM SENSO o instrumento que a prática da arquitectura mais necessita :)

A Ambição estraga tudo ...:)

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