Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Doutor Fausto duvidando

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Devolver la arquitectura a la gente. La arquitectura se queda en el lugar, pero también en la gente. Nos gustan los edificios ricos, sensuales, inspiradores: los que se quedan en la memoria. Nos interesa la arquitectura económica y hecha a medida, precisa: los edificios sastre.

Non nos interessan las borbujas. Queremos seguir dudando; entrevista a J. Herzog, por Anatxu Zbalbeascoa, El Pais, 2 Maio '10
Para além do paradoxal termo "arquitectura económica e feita à medida" usado por J. Herzog - sobretudo quando comparado com a última década de produção do seu atelier -, ficamos a saber que, para o Suiço, coisas que ficam na memória são afinal simples efeitos espaciais.
Não é fácil precisar o exacto momento em que Jacques trocou a ambição em fazer a melhor arquitectura pela ambição em ser o melhor arquitecto, substituindo o uso da imponderabilidade pelo consumo desenfreado desses efeitos espaciais, que as transformam - às suas obras - numa espécie de sucedâneos de George Lucas. Mas seria capaz de apostar que, por detrás desse falso olhar de quem afirma continuar a duvidar, se esconde alguém cansado de fingir que quer devolver a arquitectura às pessoas.

Dizia-me há dois ou três dias um desses jovem arquitecto ambiciosos que, desde o momento em que houvera assistido a uma palestra desse mesmo Herzog, cansado, repetindo vezes sem conta a sua autoridade de maior arquitecto do mundo, tinha decidido que a sua única ambição era exactamente renegar qualquer tipo de ambição que não fosse a de construir melhor arquitectura. Facto que é sinónimo de rasgar esse pacto assinado com Mefistófeles que todos temos guardado na mesa de cabeceira.

4 comentários:

alma disse...

O Herzog é a modista da arquitectura :)

bem me parecia :)))

Antonio Sergio disse...

Quando o Jacques Herzog esteve no Porto para o Swissport, por mero acaso vi-o na porta principal da Casa da Musica. Se dizem que esta cansado, entao digo-vos que nao o aparenta nada.

Ja ha alguns anos ouvi alguem, quem, para o caso, agora nao interessa, dizer: "irrita-me que condenem a arquitectura de moda. eu gosto de moda". e eu gostei da honestidade. nao esqueci mais essa frase

como, por muito que se critique a sua arquitectura(H&M), sendo o principal daquilo que fazem, gosto da honestidade do J. Herzog. a desta entrevista e a de outras situacoes

perdoem-me a falta de portuacao. o teclado e suico

Quando as Catedrais eram Brancas disse...

Com que entãio Herzong não estava cansado. Curioso: quando me falavam de Herzog candado referiam-se exactamente à SwissPort.

António Sérgio disse...

a parte do Swissport, essa era fácil de adivinhar.praticamente todos os "jovens arquitectos ambiciosos" lá estavam, para ver o senhor cansado, como dizem, incluindo eu próprio, que sou muito ambicioso e ainda bastante jovem.

claro que o projecto da nova Casa Vitra com aquelas formas básicas deu ar de cansaço para muitos, mas isso é outro pano - com o qual sinceramente não concordo, apenas por já ter visitado essa tal Casa Vitra. E gostei.

mais cansado fiquei eu com um comentário de um qualquer jovem arquitecto/estudante da plateia ao Jaques Herzog, no final da apresentação desse projecto da Vitra, quando disse "if you see for instance Siza, he always makes a silent revolution..." ao que o Herzog lá respondeu não me lembro bem o quê (deveria ter dito que as revoluções não têm necessariamente de ser silenciosas), e ao que o jovem arquitecto/estudante lá comenta outra vez "ahh, yes, but if you see Siza, he always likes to make a silent revolution"

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