Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Merecer. Ter.

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Não fosse um céptico e talvez acreditasse na capacidade das pessoas de organizarem em nome de um bem comum.
Não é que não creia no potencial de uma sociedade civicamente organizada. Apenas acho que isso não se enquadra naquilo que são as nossas preocupações; não fossemos nós individualistas inveterados, sempre à espera que algo nos destaque do resto das gentes.

Desconfio por isso de ajuntamentos: encontro-lhes sempre um móbil, onde uns poucos ganham com a agitação de outros muitos. Ou de assembleias, em que dois ou três delas se usurpam das suas realizações para proveito (im)próprio. As associações de estudantes por exemplo: um bando de miúdos acéfalos, normalmente avessos ao estudo, que vão gastando o dinheiro em pizzarias de bairro, aspirando a uma vida ainda mais desanuviada num outro lugar, ao mesmo tempo que lá se vão dispensando de fazer os trabalhos de casa, ou um ou outro exame mais exigente.

Não sei bem porquê (talvez sejam réstias de memórias comuns,) mas sempre que vislumbro ajustamentos, associo-lhes algo de brutal, mesmo que não haja neles qualquer tipo de violência aparente.
Um grupo de pessoas cujo tamanho em demasia inviabilize o uso de um mesa de jantar, daquelas grandes, implica desde logo alguma boçalidade, logo a seguir confirmada pela pujança verbal implícita a discussões discutíveis.

Evidentemente que admiro as excepções. Mas vejo, nessas excepções, uma prerrogativa individual. Uma espécie de empenhamento ético que, por definição, é avesso à conjugação. E nesse sentido interpreto cada um desses, poucos, felizes, actos comuns como o somatório de actos individualistas, cuja existência não mais é do que fruto de nobre coincidência.

Nesse sentido serei, claro, pouco dado a assinalar o produto do empenhamento comum: não fosse essa nobre coincidência, ele não chegaria a existir enquanto facto positivo.
Ainda assim, seja por nobre coincidência, por desconfiar da razoabilidade dos meus próprios argumentos, ou por estar a umas escassas horas do Verão, pareceu-me importante destacar esta coisa:
[...] gostava de vos convidar a juntarem-se a nós, no próximo dia 31 de Outubro, num projecto cívico a que chamamos Projecto Limpar Portugal. Vivemos num país repleto de belas paisagens mas, infelizmente, todos os dias as vemos invadidas por lixo que aí é ilegalmente depositado. Nas cidades, nas praias, nos montes, em todo o lado, é frequente vermos as desagradáveis lixeiras.
Partindo do relato do projecto desenvolvido na Estónia em 2008, disponível no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=T7GzfMD6LHs ), onde um grupo de pessoas se juntou para limpar o país em apenas um dia.
Neste momento já muitas pessoas acreditam que é possível. O objectivo é juntar o maior número de pessoas por concelho ou por zona geográfica, para que todos juntos possamos, durante um dia das nossas vidas, fazer algo de útil por nós, pelo planeta, e pelo futuro dos nossos filhos.
Certos de que muito ainda há a fazer, toda a ajuda é bem vinda! Quem quiser ajudar, basta juntar-se ao projecto no endereço http://limparportugal.ning.com, e integrar o grupo da região onde reside, ou da região que gosta mais. É nesta rede social e na página oficial do evento http://www.limparportugal.org, que se vai dando conta dos desenvolvimentos do projecto. No dia 31 de Outubro, por um dia, vamos fazer parte da solução deixando de ser parte do problema.
Desconfio que não haja aqui qualquer tipo de metáfora que torne a coisa minimamente estimulante. Ainda assim.

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