Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Adenda à entrada anterior: H&M

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Foi pelos inícios de 90, acho, que vi pela primeira vez o Herzog, num ciclo de conferências que se organizava lá para os lados das Belas Artes do Porto, que nesses tempos acolhia ainda as gentes da FAUP. Pérolas a porcos, já se vê; ou não fossemos todos demasiado imberbes para perceber que a presença do Herzog, e do Chipperfield, e do Zumthor, e do Moneo, e do Grassi, e do Secchi, e do Frampton, e do Stirling lá pelo auditório do Távoranão só não era a coisa mais normal do mundo, mas, sobretudo, que a oportunidade que nos era dada em ver e ouvir falar toda esta gente ultrapassava em muito o horizonte com que mais cedo ou mais tarde todos nós nos iriamos confrontar.

Do pouco que recordo da fala pausada desse Herzog de há 20 anos, feita daquele tom coloquial que ainda assim imprime alguma intimidade às frases que vão sendo ditas - que nos explicava a razão do mármore nas paredes de uma igreja (ainda ninguém sabia do Bunshaft), o modo como a luz descia pelos lanternins do Estúdio de Fotografia, ou as plantas, simples, daquelas casinhas em madeira, em contraplacado ou em pedra) - já nada resta.

Na verdade, nesses largos vinte anos que passaram desde essa primeira conferência, muita coisa mudou. Nem Herzog é mais o mestre artesão com queda para as fenomenologias tão caras às gentes do Porto, nem nenhum dos então presentes partilha mais da inocência desses dias, onde tudo era novo.
Desses dias, em que ainda não havia nenhuma das El Croquis que tornaria Herzog no arquitecto mais importante do mundo nada resta: nem a curiosidade, nem a intensidade, nem a generosidade; a nossa, e a deles.

Não se trata aqui, evidentemente, de mitificar os bons velhos tempos da dupla (esses mesmos anos que Souto de Moura fez questão de frisar aquando da apresentação da conferência) - até porque, para lá de uma ou duas (ou, vá lá, três) peças absolutamente soberbas, o trabalho da dupla nunca me foi particularmente revelador (a insensatez da Jussieu do koolhaas sempre me foi muito mais inquietante do que a languidez da Jussieu de H&dM, por exemplo) -, mas no entanto parece que, sobretudo a partir dos dias da Tate Modern (cuja obra é evidentemente sobrevalorizada, sobretudo de tivermos em conta, mais uma vez, a proposta do OMA para o mesmo concurso), tudo seria diferente: as oportunidades, as possibilidades, e as ambições também.

Deve dizer-se no entanto que esses são os anos mais estimulantes da carreira de Herzog e de deMeuron: desde o esterotipo da casinha - que só não se tornou numa caricatura pela extrema elegância com que é desenhado - ao já referido Estádio de Beijing, mas também à aparente simplicidade do Centro de Reabilitação de Basel ou daquele edifício de escritórios com as janelas tortas; tudo isso nos foi (nos é) absolutamente tentador. E a razão é simples: há, nessas obras, uma ambição desmedida em fazer arquitectura.
E há inteligencia (porque não dize-lo: génio), sensibilidade e know-how suficientes para tornar Herzog naquilo em que ele se tornou de facto: num dos autores decisivos da história da arquitectura.

E no entanto há um outro lado: o do absoluto desastre.
Poder-se-ia, concordo, alegar que o absoluto desastre está intimamente ligado à matéria que permite produzir obras-primas; não fossem ambos os fenómenos comungar desse elemento que toda a arquitectura digna desse nome detém: o risco.
E no entanto não me parece que o Fórum de Barcelona, tal como esses outros edifícios que a dupla suiça anda a espalhar pelo mundo (Paris, Allschwil, S. Paulo, Guadalajara, Beirute) deva a sua existência a essa ambição desmedida em fazer arquitectura.
Pelo contrário: estas obras e projectos que, num tom algo soberbo e sem qualquer entusiasmo, Herzog mostrou na conferência de Lisboa são apenas consequência da tal presunção (sem água benta), a que se associa uma total displicência dos seus autores. Estas obras não já são mais do que maus argumentos, embrulhados - como numa mau filme de Hollywood - numa arrepiante pele de efeitos especiais, que a torna, à dupla, numa espécie de George Lucas da arquitectura.

Provavelmente muitos daqueles que assistiram à conferência de Herzog e deMeuron, fizeram-no pela primeira vez. Assim, embevecidos pela ingenuidade própria de quem pouco exige, associada a esse encantamento pelo duplo salto mortal à retaguarda, maravilhados com as imagens que afinal nos aparecem publicadas em qualquer revista de quiosque como de banalidades se tratassem, esquecem-se que tiveram à sua frente uma das poucas pessoa a quem ouvir falar de arquitectura poderia ter sido de facto um previlégio.
Foi, no entanto, perdida essa oportunidade de ouvir falar em arquitectura; por um Herzog bem mais interessado em provar as suas habilidades, e em revelar essa sua predesposição imobiliária, do que falar, simplesmente, de arquitectura.

Das razões pelas quais a arquitectura deixou de fazer parte do discurso de Herzog - mais até do que a razão das obras de Herzog terem deixado se ser desconcertantes - haverá com certeza uma mão cheia de explicações.
A primeira será, porventura, a de que a dupla Herzog e de Meuron deixou de ser capaz de se sentar mais do que meia hora seguida num estirador, para passar a ser apenas a testa-de-ferro de uma coisa que é, provavelmente, a mais conhecida multinacional de projectos do mundo: H&M. Uma H&M de luxo, é verdade. Mas ainda assim uma H&M.
Não podemos é continuar-lhe a chamar-lhe, infinita e insensatamente, Haute-Arquitecture, pois não?

Da noite, resta apenas a referência às palavras de Souto de Moura, em busca desse tempo perdido; do qual o Silo de Miami é o melhor exemplo. E uma luz ao fundo do tunel, também.

11 comentários:

António Sérgio disse...

Isto há para aqui alguns 4 pontos a dizer:

1 - devo dar os parabéns a mim próprio por ter conseguido ler o post todo.

2 - já há quatro dias que venho cá à espera da mais que previsível "Adenda". ponto essencial: 4 dias. O senhor é lento.

3 - concluo, depois de ler o post, que a conferência foi medíocre e os 20 euros mal gastos. dá-me ideia que já escrevi ou li isto antes

4 - abraço, Sr. Pedro.

António Sérgio

PS: pelo amor de Deus, imploro-lhe que não escreva outra adenda. Senão lá se vai o seu fim de semana, e os fds são para descansar.

jesus disse...

A entrevista que veio no Publico de Domingo também me pareceu meia inútil. Tudo bem que não custou 20€...

simoes disse...

H&M de luxo...concordo...é triste ver naquilo que se transformaram...

pb disse...

hum...
Pedro, vi contigo essas conferências organizadas pelo José Paulo dos Santos, Souto de Moura e Manuel Mendes em 89-90. Dificilmente poderíamos imaginar como alguns desses arquitectos convidados iriam crescer. H&dM fizeram-no, a meu ver, correndo enormes riscos, e de facto cometeram erros enfatizados pela escala de intervenção mas também pela mediatização a que estão sujeitos. Mais ou menos na mesma altura desse impressionante set de conferências os Sonic Youth assinavam pela multinacional Geffen e logo a crítica lhes saltou em cima acusando-os da perda de independência e criatividade e, no entanto, durante esse pacto com o diabo editaram GOO (1990) e dois anos depois o DIRTY (1992).
Cada colaborador que sai do escritório dos H&dM justifica-se dizendo: "H&dm are a sinking boat", é uma piada que se refere ao facto de que quando entraram é que era "bom". Enfim, onde quero chegar é relativamente simples: imagino que deve ser muito difícil crescer mantendo uma qualidade de produção acima da média, cumprir prazos e muitos orçamentos (uma vantagem que têm perante Koolhaas); assumindo a responsabilidade social espelhada na remuneração e na evolução da carreira dos seu colaboradores (outra vantagem sobre Koolhaas) e ainda assim arriscar experimentar com resultados tão excepcionais como o silo de Miami que referes, mas há toda uma produção mais discreta (como o seu próprio escritório) que poucos dos media lhes pega e ainda assim são obras excelentes. Provavemente Pedro estarias com demasiadas expectativas em relação à conferência, mas esse é um problema mais teu e dos media do que deles. Eu, infelizmente não tive oportunidade de assistir à conferência de Lisboa mas também me custa a crer que tenha sido "medíocre". H&dM são um escritório comercial, isto é, não são a penúria que caracteriza 95% dos profissionais portugueses (dependentes da leccionação ou responsáveis por contratações precárias de arquitectos perpétuamente estagiários). H&dM conseguiram um compromisso a todos os níveis com resultados verdadeiramente surpreendentes. Koolhaas é mais interessante? talvez. É sem dúvida mais estimulante do ponto de vista teórico, mas se olhares para o seu site com atenção vais também te surpreender... pela negativa. Alvar Alto projectou mais de 400 obras, e nós continuamos a referir a excelência, sempre, das mesma 20 (o que é muito!). Vais ver que é necessário cometer alguns erros para chegar ao que consideramos ser sublime. Provavelmente teria sido mais confortável para H&dM (e para todos nós) que continuassem a fazer "casinhas" e este teu post já não seria tão... nostálgico?
um abraço, Pedro B. mas de Bandeira; não o outro)

Unknown disse...

São pontos de vista bem interessantes os dos Pedros, Koolhaas é muito mais sedutor que H&dM e, ao mesmo tempo, muito menos respeitável. Se nos imaginarmos entrados nos anos 60 e ter esta possibilidade mirífica de ver uma conferência de Corbusier e outra do Gropius (já americano, o da Pan Am)talvez não andássemos longe de falar das mesmas coisas. E claro que Corbu, como Koolhaas, pareceria sempre muito mais heróico, e Gropius, como Herzog, a defender uma espécie de padrão de arquitectura e, seguramente, muito mais empenhado com outras questões do exercício da coisa. Menos interessante e mais pesado, seguramente. Cheio de uma arquitectura dita comercial que parece sempre precisar do empenho, da ética e da seriedade de condições, para poder existir, cheia da humildade de só poder ser extraordinária de vez em quando. Merecedora do nosso melhor apreço (sem ironia). À medida que o tempo passa Corbu é cada vez mais monstruoso (na sua escala e não só)e Gropius vai-se desvanecendo num mar de ideias, e aí provavelmente pensaremos o que é que nos interessa na arquitectura. Estive presente na conferência de 90 (ou 91) e não estive na de 2011. Não sabíamos o que esperar da primeira, basicamente porque não sabíamos nada de nada, o que poderíamos esperar desta?

BERNARDO RODRIGUES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jraulcaires disse...

Para mim há uma coisa muito simples: O Kollhas produzia umas artes gráficas deploráveis, mas tinha uma vertente panfletária imbatível e, desde sempre, o que ele vendeu estava plenamente adaptado à era do capitalismo selvagem: Consegui conjugar a especulação pura e simples ao reino da especulação imobiliária aos edifícios icónicos nas grandes capitais...

Já H&M, partiram de uma abordagem conceptual muito interessante, para mim a "rostorização" até pode ter qualquer coisa a ver com as fachadas nuas do Loos na viena do principio do século, havia ali realmente uma matéria muito interessante, mas, presisamente, apesar de eles questionarem muito o papel do contexto em relação à arquitectura, naquela altura, viveram subretudo de uma ruptura num determinado contexto. E foi uma experiência interessante, com as matérias, etc...

Quando as coisas mudaram de escala, perderam-se. Mesmo assim, apesar de tudo, gosto do estádio. Apesar de ser um bocado "much alll about nothing".

Peço desculpa pelo meu comentário abrutalhado, mas tou com pouca pachorra para grandes elocubrações mentais.

De qualquer modo, nunca pagaria 20€ para ir a uma conferência de arquitectura. Por um livro pago, agora por conversa efémera...

Quando as Catedrais eram Brancas disse...

Caro António Sérgio: (1) parabéns então, por conseguir ler mais do que quatro frases seguidas. Fico deveras sensibilizado com a sua atenção para a inevitável tentação pela extensão.
Da extenção passo, como toda a naturalizada, para a lentidão (2), para lhe dizer que não há que ter medo dela: afinal toda a gente sabe que as respostas, tal como as vinganças aliás, são coisas que se servem frias.
Do mesmo modo não sei o que lhe permite concluir que a conferência foi medíocre (3.1) e os 20 euros mal gastos (3.2).
Se reparar na opinião da maior parte dos simpáticos comentadores que por cá passam, nada nos permite confirmar tais observações. Julgo mesmo não ter referido em lado algum que a conferência foi medíocre.
Se uso fizer da sua melhor atenção, irá confirmar que utilizei antes a desacentuada expressão mediocre, precedida pelo advérbio quão, o que não só confere um tom elegantemente coloquial à expressão, como lhe sublinha os mais negativos aspectos, possibilitanto ler - entre-linhas, é certo - algo menos bom que a simples mediocridade.
Do mesmo modo refira-se que a expressão acerca do pouco retorno proporcinado pelos 20€, foi manifestamente metafórica. Aliás, se maior sagacidade da sua parte houvesse, tal ter-lhe-ia possibilitado descortinar o facto de a presença de inúmeros convidados no dito evento cultural ter em muito diminuido o valor per capita da dita conferência - que, por em cálculos pessoais mais ou menos rigorosos, se quedou em cerca de 13,33 € por cabeça; sendo no entanto de constatar o reverso da medalha: cada um dos atentos consumidores terá porventura suportado os custos equivalentes a uma cadeira e meia - facto esse que me leva a agradecer pessoalmente aos dois compradores que me proporcionaram o verdadeiro previlégio de ter estado presente nessa noite memorável.
Por fim, de modo a manter este contra-comentário curto, restar-me-á devolver-lhe tão simpático e amistoso cumprimento.

Caro Jesus (esse sim, um nome digno de ser recebido pel'As Catedrais): justiça seja feita: a culpa de tão fraca entrevista dever-se-á mais à (enfim) possibilidade da entrevistadora do que propriamente à dos entrevistados. Ainda assim sublinhe-se o magnífico headline, que no entanto deveria ter sido escrita da seginte forma: a arquitectura é boa e má para a democracia.

Quando as Catedrais eram Brancas disse...

Pedro B., mas de Bandeira, e não o outro: não pretendia ser assim tão nostálgico (alías, foi Souto de Moura que enunciou com nostalgia os bons velhos tempos dos autores em causa), nem mesmo confirmar o naufrágio da dupla (facto esse que seria uma óbvia perda para todos nós).
Assumindo a responsabilidade pela construção de tão grandes expectativas - para logo a seguir confirmar a culpa de as ver defraudadas -, não devo no entanto deixar de dizer que não seria tanto sobre o produto final que estariamos à espera de ouvir falar (afinal todos nós o conhecemos mais ou menos bem), mas antes das razões que o faz ser aquilo que é.
O problema é que, ao invés disso, o discurso pareceu(-me) pouco interessado em revelar esse expectável manancial; para dar lugar áqueloutro, baseado em lugares mais que comuns, e na pretenção demonstrada pelo autor em julgar que aquilo que faz será sempre preferível áquilo que não faz.
Compreendo esse ponto de vista sobre as dores de crescimento (utilizando para tal as palavras de Teresa Veiga de Macedo: o sucesso é o princípio do fracasso); parecendo-me no entanto que se alguém tem de facto possibilidade de escolha entre fazer bem ou nada fazer é o próprio Herzog. Recordo, aliás, que a dupla terá recusado dois trabalhos em Portugal (o Museo dos Coches, meses antes de ter aparecido o nome de Mendes da Rocha; e um Resort, que iria parar ás mãos de um ex-colaborador português), alegadamente por falta de meios para fazer desses projectos obras de qualidade excepcional.
Aquilo que quero dizer é que me parece impossivel fazer 400 obras bem feitas, e que os tipos terão obrigação de o saber.
Dir-me-ias que se trata de ética profissional: afinal existir um escritório comercial que assuma a responsabilidade social espelhada na remuneração e na evolução da carreira dos seu colaboradores é excelente; sendo no entanto duvidoso que tal facto nos garanta algum tipo de qualidade (é ver os Balonas que por aí andam...).
Alegarias também sobre o factor risco (as tuas palavras dizem qualquer coisa como ser necessário cometer alguns erros para chegar ao que considerados sublime), o que me colocaria numa posição desconfortável (aquela frase do Beckett que diz falhar, falhar sempre, falhar cada vez melhor nunca me sai da cabeça); embora te peça, neste caso, que me dês o benefício da dúvida, deixando-me afirmar que as obras que Herzog mostrou já não são tanto fruto da vontade de arriscar, mas apenas um aparente oportunismo.
Não queria, portanto, casinhas; até porque a maior parte nada me diz. Queria que nos tivesse sido oferecido possibilidade de pensar. E isso, infelizmente, não aconteceu.
Quanto à comparação com Koolhaas, fico-me pela citação (de memória) de um comentário de um ilustrissimo autor, escrito aqui mesmo nesta entrada (e que o mesmo apagou, talvez por não se rever no tom algo misógino da expressão): H&a;M é para meninas, enquanto o Koolhaas é para homens de barba rija.

Bruno: seria necessário explicares melhor essa parte que refere um Corbu cada vez mais monstruoso; até porque aparentemente estamos (estou, vá lá) nos antípodas dessa opinião: as suas obras parecem-me cada vez mais, coisas sensatas, e mais subtis; para não dizer mesmo eróticas.

Unknown disse...

Pedro
O comentário não se referia à escala nas obras de Corbusier, quanto a isso estamos de acordo, visitar uma obra de Corbusier é, para mim, cada vez mais uma experiência de ajuste e de assombro, de dissociação, ou pelo menos de não coincidência entre imagem e experiência da obra. Os espanhóis têm um termo, abrumador, que julgo que é ainda mais completo do que assombro, é mais físico pelo menos. Coisa que cada vez tenho mais dificuldade em experimentar na arquitectura que hoje fazemos, talvez pela precisão com que conseguimos hoje antecipar o que se projecta. Talvez a tese do Bandeira (de doutoramento)faça algum sentido e a antecipação (ele chama presciência) tenda a dissolver as dissociações e a aumentar a coincidência entre obra e imagem. Aquilo a que me referia é à sombra que Corbusier projecta sobre o século que nos tocou viver, a sua escala como figura, que é cada vez mais monstruosa. Se pensarmos no esquema dos mestres do moderno (de Rogers creio, ou será de Giedion?) dificilmente poderemos manter hoje a tensão com Mies, Wright ou Gropius como equivalentes. Corbusier, mais do que um monstro é um ogre que sugará tudo o que lhe foi contemporâneo (vá lá num prazo de 100, 150 anos), sobretudo se a história continuar a ser uma cartografia das figuras e dos acontecimentos mais do que das ideias ou de princípios ou do sentido das coisas (a que aludes no interessantíssimo texto de Teresa Veiga Macedo), coisa a que o próprio não será inocente. Enquanto a história não for uma matéria moldável, enquanto a história das figuras e dos acontecimentos não se equivaler à história das ideias pelo menos. Por isso parece-me perfeitamente plausível o paralelismo Gropius – Herzog/ Corbusier – Koolhaas. O que me parece que está em discussão é a projecção no tempo de obras e de autores (julgo que é esse o campeonato de que falamos), coisa a que Koolhaas nunca se furtou, e se o que nunca foi um peso para Koolhaas (os princípios e o sentido das coisas, e a pertença a um sistema - remeto ao comentário de Bandeira) não será agora um lastro para Herzog e para de Meuron.

Anónimo disse...

Não sei porque o pedro balonas vos incomoda tanto. Os edificios que tem feito são sem duvida bem feitos e com responsabilidade, vejam a destilaria, o bonjour massarelos ou a praça de Lisboa.É sem duvida boa arquitectura. trabalho com ele como estagiario e é uma pessoa humana e bom arquitecto, com uma cultura aequitectonica practica como poucos arquitectos tem no Porto
Para alem disso paga aos estgiarios, coisa que os queridos profs e senhores da Ordem não o fazem.É pena a inveja ser motivo de tanta cegueira.

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