Anteontem, ao descer a Rua do Alecrim, nesse momento em que se passa pelo Largo Barão de Quintela - aquele que tem o monumento com o Eça a olhar para essa menina seminua de braços abertos- cruzo-me com um Pritzker.
Não é todos os dias que nos cruzamos com um Pritzker. Pelo menos em Lisboa.
O olhar do Pritzker repousava-se-lhe na ninfeta esculpida, o que ainda assim não contribuia para atenuar esse ar vagamente perdido, subtilmente desconfiado, como se desapontado, que lhe ornamentava o semblante.
Seria porventura uma outra musa que lhe toldava o desejo; mas poucos serão aqueles que de facto conseguirão fazer uma casa para Alba.
Fortemente decidido a não interferir com a história da arquitectura contemporânea, lá me pus a caminho, rua abaixo, que é a melhor maneira de a percorrer; não só pelo simples facto de ser mais fácil descer uma rua do que a subir (admito excepções), mas sobretudo por causa daquele plano de água que se nos depara. lá ao fundo, depois do Cais do Sodré.
No entanto diminuí ligeiramente o passo, não fosse tropeçar nas memórias de uma qualquer Gerassi, ou coisa parecida.
Desde cedo aprendi a desconfiar de homens com bigode. Do Eça também.
19 comentários:
Ahhaha... Bigodes à parte, tivemos uma infelicidade do raio em ficar com um pequeno tropeção do Mendes em Lisboa.
homem de bigode, ninguém o f***
[intermission - não encontro o teu mail]
deixa lá isso das musas para mais tarde, para aqui:
http://lh5.ggpht.com/_ZyNC007lxqQ/S2w_ETeL1PI/AAAAAAAAAag/cqjsgln9dYk/s720/da_desvalentinizacao.jpg
conto contigo e com quem mais te aprouver.
j
ahahah...
o Eça tinha razão :)
basta olhar para os edificios do pritzker... :)))
a posta é puro eça :)
"Fortemente decidido a não interferir com a história da arquitectura contemporânea" é puro lapso... LOL
é só ter e mente que o eça era profundamente provinciano no modo de ser cosmopolita. os ares de paris, os ares de paris.
j
felizmente, não é
foi isso que lhe permitiu escrever sobre a cidade as mulheres e as serras (ah, ah)
ó Joãozinho:)
francamente!
o Eça é o máximo!
je n'ai pas dit le contraire. disse que o delicioso é aquela conversa sempre sempre comparativa com os 'ares de paris'. igual igual ao 'lá fora é que é' que corre aí. aliás, este que corre por aí, terá as suas origens.
em todo o caso, gosto sempre de um qualquer 'vencido da vida'. sobretudo com bigode, pedro.
na correspondência de Fradique Mendes:
"A propósito de castelos: cartas de Portugal anunciam-me que o quiosque, por mim mandado erguer em Sintra, na minha quintarola, e que lhe destinava como 'seu pensadouro e retiro nas horas de sesta' - abateu. Três mil e oitocentos francos achatados em entulho. Tudo tende à ruína num pais de ruínas. O arquitecto que o construiu é deputado, e escreve no Jornal da Tarde estudos melancólicos sobre as Finanças! O meu procurador em Sintra aconselha agora, para reedificar o quiosque, um estimável rapaz, de boa família, que entende de construções e que é empregado na Procuradoria-Geral da Coroa! Talvez eu necessitasse um jurisconsulto, me propusessem um trolha."
Talvez necessitasse um concurso público e arranjam-me um Pritzker.
Não percebo nada disto. Também eu, até gosto do Antero... e tb do Eça pois claro.
O mais que vi foiu o Portas, que não é um Pritzker, uma vez, na Igreja do Sagrado... - a meditar...
Já o encontrei várias vezes, mas naquela, por acaso, até gostaria de saber o que estaria ele a paensar...
O comentário de (o)arquitecto, tem piada.
Volta Eça...
Bem também... O comentário de Eça de Queirós em relação à arquitectura, também é datado. Aparte o facto de o arquitecto ser deputado etc... - mudam -se os tempos, as vontades e fica tudo na mesma..
O Oscar Wilde equiparava a arquitectura à pastelaria... - o que não é surpreendente, dado o tempo em que viveu.
Surprendente para mim talvez, seja o menosprezo que a Arquitectura.
atingio nos tempos que correm.
cada vez mais é qualquer coisa que tem meramente a ver com o "design" de um produto, cada vez serve mais interesses mais ou menos dúbios, e, the last but not the least, torn~-se cada vez menos interessante.
A aArquitectura, certamente, nunca mais vai ser protagonista na evolução de uma sociedade em convulsão, como foi no movimento moderno, mas tenho para mim, que continuará a ter o seu lugar...
assim nos deixem trabalhar....
apesar de tudo, dar às pessoas a luz e o silêncio, pode continuar a ser um sonho...
escrevo com gralhas, frequentemente. Peço desculpa.
o oscar wilde em resposta à pergunta porque os americanos eram tão propensos à violência, resposndeu: "Porque têm um papel de parede horrível."
A aArquitectura, certamente, nunca mais vai ser protagonista na evolução de uma sociedade em convulsão
é claro que vai ("só não sei é quando"...)
Oscar wilde um homem que admiro :)
Já o Eça numa das cartas ao Ramalho recomendava que todos deviamos aprender com os americanos a criar espaços inteligentes ...LOL
correspondencias ed.1925
A arquitectura será sempre protagonista :)
os arquitectos é que talvez não :)
(...) a luz e o silêncio, pode continuar a ser um sonho...
não escrevas essas coisas senão o nosso hospedeiro ainda posta aqui outra raga do Bandeira & Dulcineia com 700 versos... :)
:-);
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