Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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A Montanha Mágica

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Sanatório Paimio, Finlandia, A. Aalto, 1932 [imagem via Landliving]


Ciplox [500mg], Adrovent, Ciprofloxacina Teva [500mg], Beclotaide, Ventilan, Fluimucil [600mg], Omeprazol [20mg]: é incrível como em pouco menos de um século a química veio substituir certas necessidades arquitectónicas por uma mão cheia de pastilhinhas e sprays que se vão sugando de 8 em 8 horas, levando pelo caminho todo o potencial dessa linhagem da literatura hospitalar que pereceu com o fim dos sanatórios.
Não é que não se vá escrevendo, aqui e ali, sobre hospitais. Quer dizer: livros com histórias passadas em hospitais, com médicos e tudo. Hoje escreve-se, aliás, sobre quase tudo.
A questão é que as probabilidades literárias de se escrever algo passado num hospital são hoje similares às próprias probabilidades arquitectónicas de um hospital.

Poder-se-ia alegar a vantagem temporal de tal avanço. E no entanto o tempo de uma doença, hoje, nem sequer dá para ler um livro com mais do que 600 páginas. Quanto mais para o escrever. Quanto aos hospitais, não me lembro de achar nenhum decente, nos últimos 50 anos.
Deve ser por causa da química.

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