Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Dias felizes

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Com o passar dos anos deparamos-nos com a crescente possibilidade de nos cruzarmos com gentes que, por um ou outro motivo, desaparecem das nossas vidas. Não é que desapareçam realmente. O que desaparece é o motivo para dizermos algo mais do que um simples murmúrio quando por elas passamos. Daqueles murmúrios que normalmente acompanham um abanar simples de cabeça, como se estivéssemos a anuir algo ou alguém. Nesses momentos estamos de facto a anuir. A anuir que já não conseguimos ver nada de atraente no outro, ou a anuir que não há nada de positivo que possamos fazer por ele.

O contrário também é válido. Com o passar dos anos há novas gentes que aparecem de vez em quando. Sem motivo algum ou, por vezes, cheia de motivo e de motivação.

E depois, depois há as outras. Aquelas que vão aparecendo e desaparecendo sem motivo algum, mas por quem anuímos sempre. Por dívida. Por gratidão. Ou por simples desenlace.
É nesses momentos - nos momentos em que essa gentes aparecem a transpirar dias felizes com grandes motivos - que podemos descer a rua despreocupadamente, a fumar um cigarro, e a pensar que os dias felizes dos outros, dessas gentes que aparecem e desaparecem, são, podem ser, o propósito dos nossos próprios dias.

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