Na página 39 desse extravagante mas sempre brutal manual da história da arte do não, que dá pelo nome de Bartleby e Companhia, Vila-Matas descreve o dia em que pensa ter visto Jerome David Salinger, num qualquer autocarro, na 5ª Av.
Desde que as li, a essas palavras, ganhei essa mania de olhar com redobrada atenção para a cara de todas as pessoas que viajam connosco nos transportes públicos. Mas admitamos: encontrar alguém parecido com Salinger equivaleria a encontrar uma agulha no palheiro. Face a isso, e nada mais havendo a fazer, limitei-me a constatar que a relevância de um autor é definida por tudo aquilo que não fez, mais do que por tudo o resto.
É por isso que a recusa é o mais significativo dos instrumentos da escrita.
11 comentários:
:)))não foi no autocarro mas na rua :) enquanto fumava um Lucky :)
o Philip J. nos anos 90 :)
mas já vi o Louçã no autocarro... :)))
o Brian ferry num restaurante :)
o Hugh Grant no supermercado :)
e Ontem encontrei no cinema um arquitecto português :)))
por fim mas não menos importante:)
O Bill Clinton a passar de carro em Santos :)
A mais pura das verdades: Bardot num carro, parada num semáforo de Paris, bem mesmo à minha frente.
sigourney weaver, a civil, na upper west side ou Kiefer Sutherland, antes de incarnar em jack bauer, à porta do gugghneim de n.y. virando-se para mim 'give me that film', antes de ter desistido da película pela polaroid, voz e expresão assustadora para se desfazer, no instante seguinte, num sorriso irónico? (é que tinha acabado de chagar à porta da rampa espiral uma carrinha das forças especiais de guiadas por pastores alemães e com metralhadoras em punho por argumento.)
era o pós-pós-9/11. a cidade estava assustada.
serve?
serve para olhar nyc, a energia informal e torrencial, atemorizada e aflita.
ah, e marc ribot - e admito que esta seja uma mitologia pessoal - num pequeno club, saudoso, depois de hell's kitchen, a descarregar, ao meu lado, o ódio - e a vergonha - pela decisão tomada nesse dia à porta da un - onde, curiosamente, cruzei colin powell, inconvicto das demarches do seu superior hierarquico à época.
15 de fevereiro 2003 era sábado. macwen escreveu um romance, situou-o em londres. nessas horas estava em nyc. não desci a 1av. com eles. mas eles eram o centro do mundo. antes, o mundo todo no centro do mundo, que, mostrava-me o mundo, nesse dia, deixava de ter centro. apesar de nyc. e de lx.
serve? enquanto espero o meu centeio?
goto muito do marc ribot...
bem o que queria dizer é que a cidade por excelência em Bartleby e Companhia dos escritores do não é...Ponta Delgada!
já que as ilhas aparecem aqui tanto, fica aqui mais um pouco de insularidade
Um dia gostaria de ver o inimitável e transcendente ... o arquitecto :))))
inimitável, é pedir muito... e transcendente, só no sentido que Kant lhe deu na filosofia moderna.
no entanto, agradeço o atributo destes adjectivos
:)Hume !
maldita história que assenta em cima de si e depois nunca se sabe de onde vem
LOL
...
...
Frades fradinhos !
ai abri-me a porta!
... Eu trago a alma toda ferida,
morta
só vós, fradinhos m´a podeis curar.
AN (despedidas)
Enviar um comentário