Se formos a ver, tando uma como a outra hipóteses não se contradizem necessariamente.
Os pássaros
Se formos a ver, tando uma como a outra hipóteses não se contradizem necessariamente.
Adenda à entrada anterior
O Cortiço
Kubitschek
Bienais, Trienais e outras tais
Logo após o Guardian anunciar o nome do autor que irá representar a Grã-Bretanha na Bienal de Veneza de 2011 (não: não me enganei: 2011) descubro, não sem algum contentamento, que Pedro Gadanho faz parte do Advisory Panel que ajudou a definir a representação britânica na bienal de arquitectura.
De novo o novo ou a monótona surpresa
Estando para aqui a folher um livrinho de Gonçalo M. Tavares chamado de Breves Notas Sobre as Ligações, passo o olhar sobre uma frase que diz qualquer coisa como isto: o Novo é uma interrupção (...) depois de um prolongado silêncio toda a palavra é nova. Logo na página a seguir - na 39, mais precisamente - uma outra frase diz assim: esta coisa que é sempre igual varia muito.
O despropósito, versão UK
I’ve already discussed ZHA a number of times here, often in regards to unwittingly interesting things that they’ve done, such as the accidental brutalism of LF1 and the Wolfsburg museum (which I shall only even consider visiting once it has become seriously rotten) and I suppose that this counts as a continuation of the series. The more I think about it though, the more I consider just how truly ridiculous an architectural practice they are, the more I’m beginning to think that she, Patrick and all the rest of them are geniuses after all, just not at all in the way that they would like to think that they are. ZHA are conceptual architects, not because their ideas are particularly intelligent (bet you can't wait to have PS tell us what it’s all about), but because their over-attachment to a certain architectural ideology leads to results that are so ludicrous that they tell you far more about the world in which they appear than a more serious, successful piece of architecture could. Like Jeff Koons or Damien Hirst, the success of their blatant shit-ness speaks volumes about the state of their field, its ideologies and economies.
Errata (dupla)
Casa no Douro, Eduardo Souto de Moura
Escreveu-se: "(...) à espera de algo que se mova no sentido contrário ao da lógica"; quando se pensa dever ter escrito: "(...) à espera de algo que se mova no sentido da lógica".
E no entanto rescreva-se: "(...) à espera de algo que se mova no sentido contrário ao da lógica".
Clube dos amadores de columbofilia de Sacavém
Exasperante, é o que é, esta selecção de obras que irá representar portugal na 7ª Bienal Ibero-Americana de Arquitectura.
Losangos e outros números octogonais
O Museu Imaginário
Dessa mão-cheia (digamos que numa mão-cheia cabem 20 obras, dependendo mais essa medida do tamanho da mão do que propriamente do tamanho das 20 obras) visitámos uma obra. Ou – vá lá - duas, no máximo.
Não que os restantes noventa (ou – vá lá -, no mínimo) noventa e cinco por cento não o sejam também elas consequentes. De todo. São-no, de forma clara e inequívoca. Só que a sua consequência não advém do nosso confronto com a sua realidade, mas exactamente da nossa capacidade em interpretar aquilo que dela conhecemos, e construir sobre ela uma lógica que já pouco (ou nada) tem a ver com a sua dimensão, para passar a ter (apenas) a dimensão que lhe atribuímos.
Não estando evidentemente a usar-me do mais directo dos sentidos a que se refere o termo dimensão; ele não deixa de ser um bom exemplo: sempre que deparamos uma obra que julgávamos conhecer milimetricamente, ela é afinal muito mais pequena, ou muito mais azul, ou muito mais pesada, ou muito melhor do que até então a tínhamos esboçado. Na verdade é outra coisa. Não nos pertence como nos pertencia a ideia que dela tínhamos.
E no entanto usamo-nos disso. Desse nossa visão limitada das coisas que nos faz repetir os truques que afinal não existiam, ou as soluções que pensávamos evidentes, mas que afinal são apenas fruto da nossa interpretação.
Na verdade ser arquitecto é isso: roubamos aquilo que não existe, pensando copiar segredos que afinal são meras invenções pessoais. Não citamos: equivocamo-nos. É esse o segredo: mesmo quando pensamos estar a copiar, limitamo-nos a inventar outras coisas; não tanto por qualquer tipo de incapacidade de copista, mas apenas por aquilo que pensamos estar a copiar não existe para lá de nós próprios.
Se essa é a nossa maior fraqueza, também é a nossa cultura: falhar interpretações. E é por isso que (por exemplo) a Petersschule (do Hans Meyer) é a peça modernista que mais me enche as medidas, mesmo que o edifício nunca tenha existido.
Sabermos pouco sobre as obras pode não ser bom; é um facto. Mas sabermos pouco sobre as obras não nos diminui as possibilidades de lhe inventarmos probabilidades. Quer dizer: apenas uma ínfima percentagem das obras que nos enchem as medidas existe realmente. Se essas poucas obras são a nossa mais absoluta segurança, todas as outras – as de papel, as que só lhe conhecemos uma planta ou um corte – são o nosso melhor potencial.
É exactamente por essa razão que N. Araki nos é absolutamente indiferente: ao invés de se usar dos Kimonos para nos fazer desejar aquilo que escondem, obriga-nos ao confronto com a sua realidade; bem menos profunda do que seria expectável.
Uma mão cheia de tudo, outra de coisa nenhuma
.
Mais do que as fugidias palavras de Nishzawa, a tese de Éfren e Cristina poderia até vir da formulação prévia de Y. Hasegawa – Space that obliterates and erases programs – sobre as primeiras obras de Sejima (ainda antes de se associar a Nishzawa) onde se apontam, entre outros factos, a libertação das noções arquitectónicas normais (?), a destruição (Hasegawa usa o termo desconstrução) das divisões (compartimentos com especificidade programática, entendo) e das hierarquias convencionais (lá está), e a progressiva anulação de uma determinada ordem superior em relação àquilo que os edifícios contêm (quer dizer: a ausência de um critério de importância entre questões de forma e, por exemplo, o modo como deverá instalar-se determinado sistema de ar condicionado).
Não é que deixe de concordar com essa suposta ausência de hierarquia na obra do Sanaa (embora se deva dizer que, tirando as devidas referências culturais e especificidades, os textos bem podiam estar a referir-se, um e outro, a Mies; mas enfim...), seja ela histórica, programática ou construtiva, mas no entanto não é isso que a explica. Ou pelo menos não é isso que a significa a nossos olhos.
Bem sei que estou em desvantagem perante Éfran, Cristina ou Hasegawa: tirando uma fugaz passagem pelo museu da Bowery ainda por acabar, nunca tive oportunidade de experimentar qualquer edifício da dupla; o que, pela tese fenomenológica defendida nos tais textos, implica a impossibilidade de as perceber, às obras do Sanaa. E no entanto até estou capaz de apostar que a importância, para nós, dessas obras não reside propriamente na sua existência, mas naquilo que as precede.
Na verdade aquilo que se torna imprescindível nos projectos de Sejima/Nishizawa é exactamente isso mesmo: os projectos. Ou antes: o modo de os formular.
Claro. Evidentemente. Aquilo que lhes sobressai, aos projectos, é essa aparente falta de estrutura hierárquica – que é mais a sua supressão do que outra coisa qualquer; mas que é mais o resultado da abordagem metodológica – arriscaria a dizer: disciplinar; mais: intrínseca e estritamente disciplinar – do que propriamente uma preposição ideológica em si mesma.
Aqui não há lugar a nada que não seja a arquitectura ela própria; e os projectos não mais são do que esse resultado de deitar fora tudo o que dela não faz parte; concedendo-lhe essa aparente pureza formal (o suposto Zen de Figueira), que não mais é do que o resultado do processo.
Desconfio, aliás, que a popularidade do Sanaa no ocidente (desde os estudantes dos mestrados pós-bolonha aos senhores do Pritzker) não se deva propriamente à intensidade do Bloco de Apartamentos de Funabashi (2004), do Edifício Asihi Shimbun Yamagata (2003), nem sequer (pecado) do Museu em Kanazawa (2004) – isto para nem sequer ir aos mais bem amados Pavilhões da Serpentine (2010) ou de Toledo (2006); mas exactamente a suprema inteligência e extrema liberdade com que a dupla se permite inventar o projecto de arquitectura.
O que quero dizer é que a importância do Museu de Kanazawa reside muito mais no seu projecto, e muito menos no edifício, que em muitos aspectos se revela banal (no pior dos sentidos). Aprende-se muito mais a olhar para os desenhos do Bloco de Gifu Kitagata (1998) do que a passar os olhos pelas suas fotografias. Agradece-se a quem tomou a decisão de não ter construído o Café do Parque Lumiere (1999) ou, mais ainda, à ampliação do IVAM, em Valência. Para nós tinha sido muito melhor não ter visto fotografias do Rolex Learning Center (2010) ou daquela maravilhosa Casa Pequena (2000); porque, simplesmente, a construção mental que delas fazíamos era muito mais útil – atraente, desejável – do que aquelas a sua existência propõe.
O Kunstlinie (2006), por exemplo, é bem pior do que muita da coisa que tendemos a menorizar. Do Terminal de Naoshima nem o olhar de Suzuki o consegue tornar minimamente tangível. E aquela clínica dental em Tsuyama levanta-nos sérias dúvidas sobre a capacidade dos seus autores em dominar matérias tão simples como a escala ou a proporção.
E no entanto nada disto diminui a soberba e sublime obra dessa dupla de japoneses; cujo contributo disciplinar nos foi – nos é cada vez mais – decisivo.
Se assentirmos a tese da ausência hierárquica; então ela é um pau de dois bicos: aquilo que faz das obras de Sejima/Nishizawa coisas aparentemente amorfas, sem intensidade ou peso, paupérrimas, despojadas de conforto e incapazes de comunicar é exactamente o mesmo que torna as suas propostas arquitectónicas num dos fenómenos com maior importância disciplinar na última década. É por estas e outras que o Pritzker não é um prémio como os outros.
E depois...depois há a Escola de Zollverein, que faz questão em negar tudo aquilo que dissémos. E essa promessa do Museu-N; que sim: importa construir. Nem que seja para um definitivo tira-teimas.
Ps. Um dia destes alguém deveria falar de coisas tão curiosas como a sentida presença de Toyo Ito no percurso do Sanaa. E também na súbita consciência dos senhores do Pritzker, depois de terem premiado muito daquilo que irá marcar negativamente a arquitectura do início do século.
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