Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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O Mandarim

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Arquivo Histórico, Macau, Manuel Vicente

Por fora, o Arquivo Histórico é uma espécie de guardador do segredo. É mais um daqueles edifícios de tez colonial, em que o alpendre fica por detrás de arcadas que desenham o ritmo das fachadas que dão para um sítio chamado de Tap Seac.
As portas e as janelas estão invariavelmente fechadas por portadas de madeira, pintadas àquela tinta grossa, brilhante, castanha.

Indecifrável por quem passa na Avenida um criterioso amontoado de quadrados de vidro desenha-lhe os espaços interiores. Todos.
Vidro aramado, martelado, meio transparente, que cobre (in)discriminadamente as cores ocres e vermelhas das paredes, de tectos, de balcões, dos elevadores que passam para baixo e para cima, muito devagar.

Os nossos passos ecoam pelas salas. Ao fundo, vindo não se sabe d'onde, ecos de outras pessoas ecoam noutras salas, sem que se veja realmente ninguém (nisto, como em tudo, há memórias que ressurgem, como aquelas noites a percorrer Veneza, acompanhados pelo ritmo dos passos de muitos alguéns, noutra Fondamenta qualquer, sem que realmente vislumbrássemos figura alguma).

De vez em quando há imagens nas paredes. Mas é difícil recordá-las.
As paredes não deixam espaço para outras memórias.

3 comentários:

AM disse...

esta é do meu tempo
e gosto muito, claro
é aqui que estão umas mesas de biblioteca (?) com umas bases triangulares!?

Pedro Machado Costa disse...

infelizmente não me recordo das mesas, nem encontrei nenhum registo fotográfico das mesmas aqui pelos arquivos (se é que uma data de caixas de sapatos cheias de slides possam ser assim apelidadas) de slides.
Mas encontrei outras coisas que talvez (te) interessem. A ver, a ver...

AM disse...

venham elas

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