Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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O Mandarim

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(N)O fundo da cidade era assim.

Uma espécie de ordem natural das coisas misturada, claro, com a necessidade de arrumar trezentas e cinquenta mil pessoas numa área de dezasseis quilómetros quadrados, contanto com as duas ilhas que se ligavam por finas pontes: Taipa e Coloane.

Diz-se: agora, agora são mais de quinhentas mil, as gentes. Mesmo que as ilhas estejam já irremediavelmente ligadas, a simples ideia de arrumar trinta e poucas pessoas por cada metro de chão torna a cidade, cada vez mais, numa improbabilidade estatística.















E no entanto, por vezes, nessa necessidade áspera, veloz, por d'entre a massa de construções anónimas que iam aparecendo em lugares onde dantes - há pouco tempo - existia apenas água, era ainda possível insistir em vontades.

Como tudo o resto, aqui, aceitar as regras de um jogo que se sabia perdido à partida era apenas (mais) um pormenor. Mas era esse vício de ir a jogo que tornava uma simples caminhada por entre ruas e ruelas numa experiência memorável.

Entenda-se: fazer arquitectura aqui, assim, ultrapassa em muito a possibilidade de explicá-la. E no entanto ela lá está, expectante de nada. Servindo, como poucas, o futuro de uma cidade.

1 comentários:

AM disse...

a posta "explica" esta arquitectura
a arquitectura nunca se "explica"
isto não é uma contradição
"ir a jogo", em Macau, é parte do "genius loci" :)

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