O problema da arquitectura deve-se, demasiadas vezes, ao facto de, desde o princípio, se apontar para baixo. Para o baixo-ventre.
Sei, claro, de boxeurs que fizem longas carreiras a dar murros no estômago. Sobem para o ringue e logo se encostam ao adversário, socando-o sem levantar as mãos. Em socos curtos, com apuro de anos de treino. À espera que não aconteça nada de muito especial, e no fim a soma dos pontos do júri lhe permita, finalmente, fazer aquilo que até então tinha sido abafado pela razão: levantar as mãos. Genta há que vive toda a sua vida assim. Confortável com os pontos, levantando as mãos só no fim, depois de tudo se confirmar.
Por outro lado pode até ser que apontar logo à cabeça tenha os seus riscos. Nem que seja por nos tornar demasiado expostos. Frágeis. Mas é que um bom soco é exactamente isso: levantar as mãos, apontar para cima, e bater com força. Com toda a força. A acreditar no K.O. Mesmo quando isso desiquilibre os momentos a seguir. E nos faça poder cair.
Pode ser, por isso, que a consequência seja a derrota. Uma derrota imensa. Sangrenta e dolorosa. Mas pelo menos as mãos não esperaram pelo fim: ergueram-se no momento certo. A apontar para cima.
Daí conclui-se: embora um adversário mais alto implique um risco maior, certo é que o facto de o termos à nossa frente amplia, em muito, a hipótes de apontar bem lá para cima. A lei aplicar-se igualmente ao boxe. Embora no boxe o adversário não seja propriamente uma invenção nossa.
7 comentários:
Apontar para o baixo ou alto ventre mas sempre COM CERTEZA.
esta prosa expiralada deixou-me ko...
No boxe como na vida
há
lutar com dignidade
olhar de frente ...
e depois zás um bom direto :)
ou quem sabe um uppercut :)
um lutador reconhece o medo nos olhos do adversário :)
É pá a palavra concerteza não consta do dicionário.
Concerteza que não, meu caro anónimo: a palavra não consta no dicionário. É um facto. Ainda assim parece válida. Ou não concorda?
É claro que não concordo.
Reconhecer o erro e não o emendar revela burrice autosuficiente.
Meu caro anónimo: não sei se as suas ultimas palavras serão as mais justas. Nem mesmo exactas. Não podendo, claro, deixar de agradecer a correcção; ainda assim as suas conclusões parecem algo abusivas.
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