Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

| Subscrever via RSS

Sobre a Inerrância

| |

Poder-se-ia dizer que estamos perante uma curiosidade sociológica: as obras da autoria de ex-colaboradores de Carrilho da Graça correm sempre o risco de se confundir com as obras do próprio Carrilho da Graça; concluindo-se, claro está, que a divergência não é propriamente a área de investimento prioritário deste atelier.
No entanto, para lá dos preceitos ideológicos e de todo o universo formal que estes acarretam, a coerência e a cadência tornam-se, aparentemente, uma virtude; o que de certa forma nos obriga a aceitarmos o valor de um sistema que se têm multiplicado através das várias gerações que passaram pela Marquês de Abrantes.















Estação Biológica do Garducho, Ventura Trindade, 2008 [foto José Manuel Silva, via HP]

Nesse sentido, a atribuição do FAD à Estação Biológica do Garducho premeia sobretudo a persistência e a inevitabilidade, mais do que propriamente o exercício da dúvida.
Não há aqui lugar a dúvida alguma, nem qualquer margem ao livre arbitrio; não fossem as palavras de ordem impressas por Fernanda Fragateiro nas paredes do edifício tornar a vacilação numa impossibilidade: acredite que a beleza é conhecimento, ou surgem as paisagem.
Também por causa destas frases - algo paradoxais, se pensarmos que têm origem numa artista como Fragateiro -, não me admiraria muito que o representante português no Júri FAD deste ano tivesse tido larga preponderância na decisão de premiar Ventura Trindade; que é o mesmo que dizer: premiar a inerrância.

3 comentários:

Dioniso disse...

Mais uma vez, parabéns pelo comentário. Não poderia estar mais de acordo com esta apreciação.

Carlos M Guimaraes disse...

há uns dias atrás escrevi assim:

"Desenhar em Lisboa parece ser sinónimo de exorcização de fantasmas alheios ou de condutas dissonantes, embora já tenha a voz gasta, pouca memória e surdez própria de pessoa idosa. Nao tem arriscado escrever diferente e nao parece querer aproveitar o cansaço da velha idade para se alimentar com novas ideias e novas formas de pensar a disciplina."

é apenas uma confirmaçao dessa suspeita...

AM disse...

faço minhas as palavras do outro: "Admito total incapacidade em compreender a mente dos que premeiam, mais até do que a dos que são premiados."
anyway... falta-me a paciência para arquitecturas maricas, com "inscrições" ("tatuagens") maricas, despropositadamente (ah, corbu...) a-levantadas do chão, com muita aresta boleada e aplicações bolimétricas...
só me recorda o episódio dos hippies a levitar o pentágono...

Tags