Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Chipperfield, What Else?

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De facto fica-se com a sensação que as nomeações portuguesas para o Mies 2011 - como aliás para muitas outras coisas, tais como bienais, trienais, exposições, representações e etc. - são feitas por pessoas que nada percebem de arquitectura, mas que insistem em chamar a si vezes sem conta a responsabilidade de escolher, seleccionar e nomear obras; sem sequer terem a decência de reflectir sobre o resultado das suas escolhas.


Houvesse humildade e alguma seriedade no trabalho da Ordem dos Arquitectos - responsável nacional por designar esses selecionadores (nacionais) que lá vão escolhendo obras como esta para representar Portugal no maior e mais importante prémio de arquitectura europeu, e cujos nomes se vão repetindo ano após ano sem qualquer resultado à vista -, e esse trabalho teria há muito sido publicamente entregue e alguém credível, equilibrado, capaz de usar do bom senso, e de alguma inteligência também.

Não é que fosse fácil descobrir uma obra nacional capaz de competir com o Neues Museum - sem dúvida A obra de Chipperfield -, mas pelo menos não ajudavamos ainda mais a confirmar esse aparente tendência europeia em nos apelidar de Pig's.

Tendências Primavera-Verão

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Miúda gira sobre fundo azul igualmente giro; imagem Frederico Martins para a Vogue

Na verdade o que eu sempre quis foi ter um daqueles blogues sobre moda, em que a pretexto de especulações teóricas em volta de proporções aureas, lá se vai demonstrando a verdadeira utilidade de uns sapatos Louboutin.

ps: tendo em conta a erudição temática dos nossos mais habituais leitores e as limitações que lhe são próprias (enfim, está na natureza da profissão), os Louboutin são umas coisas assim.

Domingos: Paciência

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Face ao curioso unanimismo em torno da mais recente conquista da arquitectura portuguesa - que com certeza se estenderá pelo Secil que por aí se avizinha - , nada mais nos resta que preservar para a posteridade aquela que, de entre todas, nos parece a ser a menos formatada de todas as leituras sobre a obra (prima) de Souto de Moura. Que diz assim: Os jogadores que vêm cá jogar é que ficam muito tempo a olhar para o ar, para os cabos que ligam os tectos das duas bancadas. Alguns tentam mesmo pontapear a bola, a ver se conseguem chegar com ela aos cabos, mas não conseguem.

As coisas não são o que parecem que são

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Francisco Castro Rodrigues e o Plano para a Cidade do Lobito (fonte: Ana Vaz Milheiro: as coisas não são o que parecem que são; opúsculo 15; dafne)

De algum modo poderia premiar-se a obra do "desconhecido" Francisco Castro Rodrigues; se fosse de facto a obra de Castro Rodrigues a estar na base da decisão do Júri da "Associação Internacional dos Críticos de Arte".
De algum modo haveria pertinencia em confirmar a "grande relevância cultural da cena portuguesa" (sic) do autor; se fosse de facto essa a preocupação da dupla Manuel Graça Dias e Ana Vaz Milheiro.
De algum modo teria sido útil para Francisco Castro Rodrigues receber um prémio de arquitectura pela sua obra; se esse prémio fosse dado há meio século atrás.
De algum modo teria valido a pena existir um prémio Aica de Arquitetura; se fosse de facto real a existência de uma "associação internacional" que - como o nome indica - associasse mais do que dois críticos.

Mas não: nem é a obra de Castro Rodrigues que está na base da decisão do Júri da "Associação Internacional dos Críticos de Arte"; nem é a "grande relevância cultural da cena portuguesa" do autor que parece ser a preocupação principal da dupla Manuel Graça Dias e Ana Vaz Milheiro; nem o prémio foi dado meio século atrás; nem o Júri do AICA se compõe por mais ninguém do que os mesmos críticos que no ano passado premiaram um arquitecto morto.

Não é, entenda-se, a qualidade da obra de Castro Rodrigues que estará em causa (afinal pouco gente a conhecerá), mas sobretudo a utilidade de um prémio.

Ressalve-se no entanto a coerência de Ana Vaz Milheiro que, aliás, virá legitimar a sua busca pela história da arquitectura moderna em terras d'África. Afinal não foi nem uma nem duas vezes que lhe ouvimos a afirmação sobre o seu recente e exclusivo interesse por arquitectos mortos. É pena.

Para o ano, propomos ao Júri da AICA avaliar a possibilidade de nomear Ventura Terra, ou Cassiano Branco, ou Vitor Figueiredo, ou Raul Lino, ou Fernado Távora, ou Conceição Silva. Ou então a própria AICA; pela sua "grande relevância cultural na cena portuguesa".

Águas de Março

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É isto

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Não é?

O-pús-cu-lo

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Para lá de marcar o fim dos Opúsculos, o texto de Pedro Baía (Autorismos) que a Dafne agora pública, apresenta algo de verdadeiramente singular - senão único - no panorama editorial (ia dizer português, mas não é verdade): a sua própria anulação.


O acto, não sem alguma ironia fina (cada símio no seu raminho), fica por conta de uma senhora chamada Ana Isabel Soares. Que, sendo linguísta, não tem papas-na-língua. E de um senhor chamado André Távares. Que, sendo editor, não tem nada a esconder.

... you control information

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Da apresentação d'O Arquitectura em Público, em Lisboa, as palavras de Isabel Salema enquanto editora cultural do Público deixaram no ar a ideia que o enquadramento dado pelo jornal à arquitectura seria sobretudo fruto da casuística (Salema, julgo, utilizaria o termo caótico), mais do que de qualquer estratégia de fundo, que nunca terá chegado de facto a existir.
Aquilo que se pode concluir é que, independentemente do papel relevante do Público na divulgação da arquitectura, a redação viveu - e porventura contínua a viver - numa espécie de ingenuidade disciplinar; propícia, evidentemente, a erros ou, pior, à construção de teses pouco dadas à heterodoxia.

Por falar em Erros, Público e Arquitectura, registe-se a reportagem (especializada) de Sérgio Andrade sobre o lançamento do livro de Gadanho; o que não só vem confirmar a sábia afirmação de Newman, como também o seu contrário.

When you control the mail...

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Arquitectura ou Público

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Para lá da relevância do levantamento que Gadanho se propõe fazer no seu Arquitectura em Público: 15 anos de expansão mediática nas páginas de um jornal português (Colecção Equações de Arquitectura, Dafne, Porto, 2010; a partir da sua própria Tese de Doutoramento) - que, de forma sistemática e rigorosa, percorre o processo de generalização da arquitectura levado a cabo pelo Público entre 1991 e 2005 - o case-study torna evidente o paralelismo entre a discussão da arquitectura para lá daquilo que é a sua habitual zona de conforto e a crescente presença desta na sociedade portuguesa; mesmo quando o discurso não coincide exactamente com as pretensões ou preposições que são próprias à disciplina.

Gadanho diz isso mesmo, quando refere que "a hipótese de este acesso (aos media) garantir a construção de uma nova representatividade – e legitimidade – social da produção arquitectónica no âmbito do quotidiano", apontando-lhe no entanto o reverso da medalha: "o enfoque passa aqui a ser o acesso da arquitectura à construção da esfera pública e o modo como esse acesso gera uma sujeição ao escrutínio que, eventualmente, perturba a autonomia da arquitectura".

Dessa forma, como aliás em qualquer outra situação de mediatização, os eventuais ganhos resultantes da exposição pública resultam numa espécie de obrigação de manutenção de uma imagem consistente e coerente com aquela que foi sendo construída por essa via; resultando evidentemente todo esse processo numa aparente redução da complexidade própria do fenómeno arquitectónico. Gadanho di-lo de outra forma: "mesmo que a sociedade conte ainda com o reduto da opinião do especialista, a opinião em termos mais gerais foi, de facto, reconstruída como o adversário público e social do discurso especializado; quer isto dizer; houve um aparente fenómeno em que os media especializados foram sendo substituidos pelos media generalista".

Não sendo exactamente assim - até porque essa redução será, por princípio, apenas aparente; jogando o próprio jogo mediático, numa estratégia de sobrevivência nesse outro mundo já tão distante da cultura própria dos arquitectos -, certo é que esse fenómeno irá trazer mudanças evidentes na forma com que a disciplina se comunica e, por tal (que o digam os semiologistas), alterações na própria forma de a pensar, à arquitectura. Para o exemplificar, bastaria olhar para o fenómeno Bjarke Ingels, não apenas do ponto de vista do autor - preocupado em montar uma estratégioa de marketing -, mas também do ponto de vista dos clientes - que passam a entender um discurso construido à sua medida - e, mais surpreendente ainda, a própria cultura disciplinar - que sofre evidentes alterações, reduzindo-se às normativas do discurso criado.


Arquitectura em Público fica-se pelo território nacional, inclusivamente num tempo anterior ao aparecimento dos BIG; embora o próprio autor desenvolva algumas considerações sobre esse processo, referindo Johnson, Le Corbusier, Koolhaas (que faz a capa do Arquitectura em Público) ou Foster; este último com outro tipo de protagonismo, dada a sua própria presença em Lisboa no decurso dessa década e meia pela qual o livro vai passando.

No entanto, a tese de que a generalização do discurso arquitectónico implica a sua própria simplificação é de certo modo paradoxal; até porque, vendo bem as coisas, o desenvolvimento da visibilidade generica da arquitectura em Portugal coincide a com o próprio desenvolvimento da especialização; ou não fosse o caso do número de publicações especializadas ter aumentado significativamente nos últimos anos.

Poder-se-ia, é certo, afirmar sem grande constrangimento que a quantidade de títulos de e sobre arquitectura não representa no entanto um aprofundamento do discurso. E no entanto, se olharmos com atenção para a maioria dos exemplos de mediatização generalista que nos são dados por Pedro Gadanho, constactamos que a maior parte deles não se refere de facto à arquitectura per se, mas antes a questões de somenos importância, pelo menos no que se lhe refere.
Assim, os assuntos polémicos e as discussões públicas são em grande parte ligadas à espuma dos dias: ou é a altura (quase sempre em demasia) de determinado edifício, ou é a sua volumetria (quase sempre demasiado balofa), ou é o traçado ou a traça, ou é ainda o desajuste ao contexto (bastando recordar a recente polémica do Edifício do Rato, de Mateus e Valssassina); sendo evidente que os assuntos, mesmo que prosaicos, que a arquitectura corporiza pouco ou nada transparecem nesse processo de mediatização generalista - isto para utilizar os termos do autor -, e quando assim não é, o discurso tende a ser inconsistente, e desinformado.

Dessa forma, embora seja um facto que a arquitectura (e a cidade) passa a integrar o discurso quotidiano, a forma de o fazer não deixa no entanto de ser desadequada, ingénua, muitas das vezes; e isso - essa simplificação - mais cedo ou mais tarde repercurtir-se-á nas esferas em que a cultura disciplinar deveria ter presença – nomeadamente em termos de opções políticas e estratégicas para o país.

Então, mais do que um instrumentos capaz de colaborar no desenvolvimento ou na resolução de questões, a arquitectura confirma-se apenas como uma posssibilidade de lhes dar forma, em que a suposta qualidade que oferece se sobrepurá a partir de então ao debate ou à reflexão. Uma espécie de vestimenta portanto, como se estivessemos todos dispostos a falar de mini-saias ou de meias até ao joelho.
Este fenómeno ganha ainda maior presença pela tipificação a que os arquitectos se sujeitam - gente cool e bem vestida, cujas certezas são sempre maiores que as dúvidas, e cuja iconolatria ganha contornos messiânicos -, agravando-se através de posições corporativas completamente desajustadas. Basta relembrar aqui o triste episódio do manifesto por Paulo Mendes da Rocha, em que um conjunto significante e preponderante de arquitectos se propunham legitimar um processo sem qualquer tipo de sustentabilidade ética e democrática; assumindo um corporativismo atávico que, para além de escamotear o problema, aceitava a condição de menoridade, delegando a responsabilidade de tão importante obra a um messianico (lá está) Pritker.

Na verdade o problema dos problemas associados à mediatização tem origem nos próprios arquitectos – sendo o resto (a escrita que se faz no Público ou noutros meios de comunicação) apenas e só a sua consequencia.
Assim, quando por exemplo Gadanho relembra as múltiplas referências à arquitectura dita Portoguesa (sic), está sobretudo a referir-se à exasperante ingenuidade com que os media os fazem, não só pelos jornalistas serem na maior parte desinformados; mas também por essas respostas directas e simplistas q.b. terem origem na própria comunidade arquitectónica.

E isso leva-nos ao cerne da questão, referida aliás por Gadanho: a mediatização generalista da arquitectura implicou em certo sentido a uniformização de conteúdos. Para os media só existe uma arquitectura portuguesa, o que quer dizer que, mais cedo ou mais tarde, essa arquitectura portoguesa não irá deixar que nada mais cresça à sua volta.

De algum modo isto foi possivel por várias razões: a ingenuidade de quem escreve – e, não sei porque, mas estou sempre a recordar-me de Alexandra Prado Coelho, injustamente esquecendo outros tantos jornalistas especializados que enchem as páginas dos jornais de referência -, a confirmação da existência de uma arquitectura portoguesa por parte dos especialistas que vão colaborando nesses meios – e que exercem a sua função sem qualquer tipo de distanciamento ético perante os objectos que se propõem analizar, sendo muitas vezes parte interessada dos acontecimentos e/ou fenómenos que descrevem.

Há, em todo esse processo, um evidentemente deficit democrático. Só que o maior contributo para esse deficit democrático seria exactamente dado pelos cronistas de arquitectura – defensores de tendência, eles próprios pouco diversificados, e que alimentavam um circuito que por sua vez os garantiria legitimização no próprio inner circle da arquitectura -, e não tanto pela incultura do jornalismo especializado, incapaz de tirar conclusões sobre aquilo que se lhe deparava.
Se quisermos ir até um pouco mais longe, percebemos que as recentes investidas de autores-cronistas contra as opiniões muito mais heterodoxas e diversificadas dos blogues não mais são do que uma tentativa de manutenção dessa identidade nacional que tem vindo a ser construída nas páginas dos jornais, e que a partir de agora passa a ser facilmente (visivelmente, queria eu dizer) posta em causa.

Aquilo que podemos concluir da obra de Gadanho é que todo este processo de publicitação da arquitectura é de algum modo um paradoxo. E, em limite, um logro. Porque se é verdade que a arquitectura se tornou mediática, oferecendo-se ao debate público; os sistemas de mediatização da arquitectura testabeleciam os seus próprios critérios, substituindo-se por tal àquilo que seria o objectivo máximo do jornalismo: informar, para que os leitores possam depois construir as suas próprias reflexões.

Pedro Gadanho fala em três fases deste processo de mediatização da arquitectura em Portugal: a primeira ligado a cronistas como Manuel Graça Dias, a João Vieira Caldas ou a Paulo Varela Gomes, onde ao discurso generalista do primeiro se interpunha uma crítica (relativamente) heterodoxa, ligada ainda a um discurso de especialista; a segunda ligada já ao advento de Siza e da sua Escola; sendo o Terceiro ligado a esse mesmo sentido de uniformização do discurso em torno de um modelo, e da sua ascensão enquanto fenómeno típico dos sistemas de moda (o autor do livro usa o termo wallpaper várias vezes), confirmando e sustentanto nomes como os de Siza, Souto de Moura, Carrilho da Graça, Byrne ou Aires Mateus.

Curiosamente Gadanho admite desconher o futuro, ou aquilo que apelida ser a próxima fase de mediatização. Pode ser que sim, que Gadanho tenha razão. E no entanto diria que esta próxima fase poderia muito bem ser ilustrada pela sofisticação e subtileza com que os agentes imobiliários e os políticos lá vão confrontando os opinion makers, fazendo-os tomar o mesmo caminho que os arquitectos um dia decidiram calcorrear, esquecendo-se porventura da sua própria cultura crítica.

E depois, penso mesmo que Gadanho saberá exactamente qual a próxima fase da mediatização.
Diria mesmo que a mediatização é ela própria o principal território de trabalho da arquitectura do próprio autor, cuja carreira assente exactamente na criação de conteúdos arquitectónicos cuja validade per se já não é o ponto flucrar, mas antes a sua intersão numa dinâmica de media que ultrapassa o próprio objecto, espalhando-o e espelhando-o por um conjunto de suportes (escrita, media, arte, etc.) e autores; que transformam, aliás, cada projecto de Gadanho uma peça concreta e rigorosa na construção da sua própria agenda enquanto autor, e da qual fazem parte o seu blogs e as suas revistas, os seus projectos curatoriais e, evidentemente, este livro de que agora se fala.

Entretanto no Porto

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Porto: 22 de Fev., 22h, no Passos Manuel: apresentação do livro Arquitectura em Público, de Pedro Gadanho, seguido de sessão de debate em torno da mediatização da arquitectura e das suas práticas. Com Pedro Gadanho, Jorge Figueira, Pedro Machado Costa e Paulo Varela Gomes.

Faltar às aulas

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(...) isto é o reconhecimento de uma instituição que ensina Arquitectura com grande qualidade, pondo ênfase no desenho, no empenho e no trabalho, disse ao PÚBLICO José António Barbosa. Evidentemente que José deve ter faltado àquela aula do Távora em que se falava de bom senso e sensiblidade.


ps. independentemente desse algo delirante vox populi não garantir por si só lugar na história à desempoeirada obra de Aguiar/Otto, há que admitir que a dupla terá sido bastante mais certeira nas aulas a que decidiu não ir.

Adenda à entrada anterior

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A uma dada altura a SIC passou aquele que talvez tenha sido o melhor programa de televisão alguma vez feito. Chamava-se Of Beauty and Consolation, e constava de um conjunto de entrevistas a cientistas, historiadores, escritores e filósofos, exactamente sobre aquilo que poderiam querer dizer essas duas palavras: beleza e consolação.
As entrevistas começavam normalmente por abordagens relativamente genéricas, mas rapidamente passavam a uma espécie de exercício de desconstrução dos próprios entrevistados (lembro-me do Roger Scruton a falar da sua Estética da Arquitectura para, passados 5 minutos, descrever as memórias da sua infância, e depois falar de cavalos, para voltar à arquitectura outra vez, agora de uma forma bastante mais visceral), o que os obrigava a um gradual afastamento das suas ideias publicadas, para lhes revelar uma espécie de sensibilidade muito própria, que na maior parte das vezes se demonstrava desproporcionada, e sublime.
E no entanto - facto curioso e de algum modo surpreendente - não me lembro de nenhum deles se referir uma vez que seja à Bette Davis, nem mesmo quando falavam só de beleza e consolação.

All this, and heaven too

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Só agora, passado tanto tempo, percebo o exacto alcance daquela expressão sobre os olhos da Bette Davis. Tudo isso sem depender sequer do filme, cujo nebuloso preto e branco deixa quase tudo entregue à especulação.

Meados de Fevereiro

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Gérard Castello-Lopes (1925-2011)

A ascensão de um blog

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Recebemos por aqui um link associado a uma qualquer extravagante plataforma electrónica que nos diz que, baseado no número de leitores (devotos) d'As Catedrais (e passo a citar), If Quanto-as-catedrais-eram-brancas.blogspot.com were a country, it would be larger than Vatican.

Não sendo a informação em si só uma boa notícia (afinal a população do Vaticano será reduzidíssima, o que diz bem do nosso sucesso enquanto media), ainda assim é sempre bom para um arquitecto saber que tem uma catedral maior do que a de S. Pedro.

Falar de arquitectura

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Bem sei que ainda não falámos de casas - que é uma outra forma de dizer que temos vindo a adiar, não sem alguma injustiça, escrever sobre aquilo que foi a Trienal.


E no entanto, para além de próximas considerações sobre a mesma (brevemente, assim se espera), parece-nos (assim de repente) que esse objectivo de difundir a cultura arquitectónica junto ao grande público parece bem mais conseguido nesta coisa aparentemente tão simples chamada de A Casa e a Cidade. O primeiro e segundo episódios já estão on-line.

Kung Hei Fat Choi

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Expo 2010: Pavilhão de Macau, Shanghai, Carlos Marreiros

Ainda que pouco notado por críticos, bienais e trienais, constatamos que afinal a arquitectura nacional em Shanghai não se limitou ao (brilhante e premiado) edifício de cortiça.

Que o Ano do Coelho seja então um pouco mais auspicioso para a arquitectura neste país dos tímidos.


Haute Cuisine

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Fundação El Bulli (projecto); Enric Ruiz Geli, Cloud 9; 2011.

Mais cedo ou mais tarde esta ideia de tomar um cozinheiro por homem de cultura tornar-se-ia insustentável.

Adenda à entrada anterior: H&M

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Foi pelos inícios de 90, acho, que vi pela primeira vez o Herzog, num ciclo de conferências que se organizava lá para os lados das Belas Artes do Porto, que nesses tempos acolhia ainda as gentes da FAUP. Pérolas a porcos, já se vê; ou não fossemos todos demasiado imberbes para perceber que a presença do Herzog, e do Chipperfield, e do Zumthor, e do Moneo, e do Grassi, e do Secchi, e do Frampton, e do Stirling lá pelo auditório do Távoranão só não era a coisa mais normal do mundo, mas, sobretudo, que a oportunidade que nos era dada em ver e ouvir falar toda esta gente ultrapassava em muito o horizonte com que mais cedo ou mais tarde todos nós nos iriamos confrontar.

Do pouco que recordo da fala pausada desse Herzog de há 20 anos, feita daquele tom coloquial que ainda assim imprime alguma intimidade às frases que vão sendo ditas - que nos explicava a razão do mármore nas paredes de uma igreja (ainda ninguém sabia do Bunshaft), o modo como a luz descia pelos lanternins do Estúdio de Fotografia, ou as plantas, simples, daquelas casinhas em madeira, em contraplacado ou em pedra) - já nada resta.

Na verdade, nesses largos vinte anos que passaram desde essa primeira conferência, muita coisa mudou. Nem Herzog é mais o mestre artesão com queda para as fenomenologias tão caras às gentes do Porto, nem nenhum dos então presentes partilha mais da inocência desses dias, onde tudo era novo.
Desses dias, em que ainda não havia nenhuma das El Croquis que tornaria Herzog no arquitecto mais importante do mundo nada resta: nem a curiosidade, nem a intensidade, nem a generosidade; a nossa, e a deles.

Não se trata aqui, evidentemente, de mitificar os bons velhos tempos da dupla (esses mesmos anos que Souto de Moura fez questão de frisar aquando da apresentação da conferência) - até porque, para lá de uma ou duas (ou, vá lá, três) peças absolutamente soberbas, o trabalho da dupla nunca me foi particularmente revelador (a insensatez da Jussieu do koolhaas sempre me foi muito mais inquietante do que a languidez da Jussieu de H&dM, por exemplo) -, mas no entanto parece que, sobretudo a partir dos dias da Tate Modern (cuja obra é evidentemente sobrevalorizada, sobretudo de tivermos em conta, mais uma vez, a proposta do OMA para o mesmo concurso), tudo seria diferente: as oportunidades, as possibilidades, e as ambições também.

Deve dizer-se no entanto que esses são os anos mais estimulantes da carreira de Herzog e de deMeuron: desde o esterotipo da casinha - que só não se tornou numa caricatura pela extrema elegância com que é desenhado - ao já referido Estádio de Beijing, mas também à aparente simplicidade do Centro de Reabilitação de Basel ou daquele edifício de escritórios com as janelas tortas; tudo isso nos foi (nos é) absolutamente tentador. E a razão é simples: há, nessas obras, uma ambição desmedida em fazer arquitectura.
E há inteligencia (porque não dize-lo: génio), sensibilidade e know-how suficientes para tornar Herzog naquilo em que ele se tornou de facto: num dos autores decisivos da história da arquitectura.

E no entanto há um outro lado: o do absoluto desastre.
Poder-se-ia, concordo, alegar que o absoluto desastre está intimamente ligado à matéria que permite produzir obras-primas; não fossem ambos os fenómenos comungar desse elemento que toda a arquitectura digna desse nome detém: o risco.
E no entanto não me parece que o Fórum de Barcelona, tal como esses outros edifícios que a dupla suiça anda a espalhar pelo mundo (Paris, Allschwil, S. Paulo, Guadalajara, Beirute) deva a sua existência a essa ambição desmedida em fazer arquitectura.
Pelo contrário: estas obras e projectos que, num tom algo soberbo e sem qualquer entusiasmo, Herzog mostrou na conferência de Lisboa são apenas consequência da tal presunção (sem água benta), a que se associa uma total displicência dos seus autores. Estas obras não já são mais do que maus argumentos, embrulhados - como numa mau filme de Hollywood - numa arrepiante pele de efeitos especiais, que a torna, à dupla, numa espécie de George Lucas da arquitectura.

Provavelmente muitos daqueles que assistiram à conferência de Herzog e deMeuron, fizeram-no pela primeira vez. Assim, embevecidos pela ingenuidade própria de quem pouco exige, associada a esse encantamento pelo duplo salto mortal à retaguarda, maravilhados com as imagens que afinal nos aparecem publicadas em qualquer revista de quiosque como de banalidades se tratassem, esquecem-se que tiveram à sua frente uma das poucas pessoa a quem ouvir falar de arquitectura poderia ter sido de facto um previlégio.
Foi, no entanto, perdida essa oportunidade de ouvir falar em arquitectura; por um Herzog bem mais interessado em provar as suas habilidades, e em revelar essa sua predesposição imobiliária, do que falar, simplesmente, de arquitectura.

Das razões pelas quais a arquitectura deixou de fazer parte do discurso de Herzog - mais até do que a razão das obras de Herzog terem deixado se ser desconcertantes - haverá com certeza uma mão cheia de explicações.
A primeira será, porventura, a de que a dupla Herzog e de Meuron deixou de ser capaz de se sentar mais do que meia hora seguida num estirador, para passar a ser apenas a testa-de-ferro de uma coisa que é, provavelmente, a mais conhecida multinacional de projectos do mundo: H&M. Uma H&M de luxo, é verdade. Mas ainda assim uma H&M.
Não podemos é continuar-lhe a chamar-lhe, infinita e insensatamente, Haute-Arquitecture, pois não?

Da noite, resta apenas a referência às palavras de Souto de Moura, em busca desse tempo perdido; do qual o Silo de Miami é o melhor exemplo. E uma luz ao fundo do tunel, também.

The Saddest Thing to Say

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Estava já pronto para explicar o quão mediocre tinha sido a conferência do Jacques, mas meteu-se um jantar qualquer que me impediu de o fazer. Depois vieram os dias e as noites de Madrid, que lá adiaram a hipótese de dizer que nunca tinha visto 20 euros serem tão mal gastos por uma tão grande quantidade de arquitectos. Por fim, tinha reservado esta noite para reflectir sobre o fenómeno que faz com que tipos brilhantes se transformem numa espécie de agentes imobiliários de luxo. Mas entretanto interpôs-se uma outra coisa, que meteu Tom Waits, Wray Gunn e os Dead Combo e Say Hey Hey. Conclusão: Fuck Christmas, I've got the Blues.

Carmen (Miranda)

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Aí está uma coisa que prezamos nas arquitectas, e nos arquitectos também: a aparente facilidade com que estes andam felizes pela rua, por razões tão prosaicas como ser pontual; esquecendo-se porventura da sua própria inutilidade.

Crítica ao Futuro

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Does, as author of BLDGBLOG Geoff Manaugh proposes, the designer of the videogame Grand Theft Auto have more influence as an architect than David Chipperfield? Is criticism in the traditional sense still relevant or useful? If the role of the print publication in contemporary production irreversibly declines, what is its future role? What forces will shape architectural production in a post-critical environment? Is, as Kelly writes, a more realistic and rigorous approach to architectural criticism online urgently needed?

Ou, por outras palavras, o regresso da (eterna) polémica d'O Sabor da Crítica, agora, em directo, na Domus. A descoberta, essa , coube a Tiago Borges.

K.O.

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Rocky Marciano vence por K.O. Roland La Starza, confirmando o título de campeão do mundo de pesos pesados, Polo Grounds, NY, 24 Setembro 1953 (foto: Keystone/Getty Image)

Lateness and the Crisis of Modernity

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A curiosidade da notícia do El Pais reside não tanto na constatação da insustentabilidade de obra de Eisenman, mas em procurar (e encontrar) os responsáveis pela escolha que levou à construção da Cidade da Cultura.


Se a moda pegasse por cá...

Il Girasoli

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com um agradecimento especial a pahr

Quarterback

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Sammy Baugh, 1914-2008



(Afinal blogosfera de arquitectura existe, e ainda por cima é corporativa.)

Of beauty and Consolation

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Ouço, de relance, num daqueles programas irónicos sobre "arquitectura" que passa na televisão pela madrugada, Gonçalo Byrne a afirmar que o antigo Estoril Sol barrava a relação entre o Parque Palmela e a Marginal, ao mesmo tempo que a senhora que faz os comentários me garante que o área construída acima do solo é agora bastante menor que a do famigerado hotel. Já Byrne reflecte sobre a importância dos reflexos da água na parte de baixo das suas consolas, e consola-se em dizer que as obras polémicas são (quase) sempre as melhores.

Senso e Sensibilidade

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Sense and Sensibility (Bom Senso e Sensibilidade), A Lady (Jane Austen), 1811


Bernardo: abrindo-se aqui a excepção de trazer à ribalta discussões que convenientemente se vão arrumando nas caixas de comentários, não poderia no entanto deixar de responder à tua intervenção n'As Catedrais, de certo originada pel'A evidente relação entre as pirâmides e a excelência e, sobretudo, por alguns dos comentários que essa suscitou; os mesmos aliás que nos levaram ao escrito Orgulho e Preconceito.

Aceitando, claro, a sensata preferência pessoal que demonstras pela Sensibilidade, devo no entanto contrapôr que é sobretudo de senso que falamos quando falamos de (obras) de arquitectura (e não só). O problema não parece no entanto residir no estrito uso do senso, mas antes na opção acerca do tipo de senso que se usa para dela falar.

Bastaria, evidentemente, ir às fonte, para perceber que é na opção pela diferença entre sensos - esse Bom Senso e aquel'outro Senso Comum ao qual tanto uso se vai dando - que se distingue a origem do discurso.
Se por um lado temos essa tautologia aristotélica que nos confirma que o Bom Senso é elemento central da conduta ética, possibilitanto encontrar meio termo e de distinguir a acção correcta, sabemos também que o seu contrário reside exactamente na aplicação quotidiana desse Senso Comum que dispensa qualquer tipo de análise mais profunda, condicionando todas as nossas acções pela espontaneidade que lhe é endémica, e cuja origem revela necessariamente os nossos próprios limites individuais.

Penso pois que tudo aquilo que se refere à suposta injúria sobre o trabalho e o nome - como a (quase) todas as opiniões que de algum modo se vão emitindo sem ter em conta a causalidade entre objecto e vontade - actua exactamente na esfera do Senso Comum, e não tanto na do Bom Senso; facto esse que a torna, à injúria, numa evidente impossibilidade.
Se não repara: o acto de descrever algo baseado apenas numa proposição criada a partir de uma noção de normalidade, dispensando uma análise mais detalhada desse mesmo objecto e daquilo que lhe deu origem, faz com que seja difícil de alcançar qualquer tipo de conclusões que estejam para lá das "jarras de cemitério" ou mesmo de "cenários de filmes de Série B" (conjunto de epítetos, aliás, que - julgava eu - deixaria babado de orgulho qualquer um que tenha bom senso e sensibilidade).

Ora, tendo em conta que o juízo - o de valor, mas também o de gosto - sobre determinada obra de arquitectura (e não só) implica algo mais do que a sua explicação baseada na simples experiência do ordinário, o mesmo se passa com o insulto. Porque, para que o insulto resulte (e o insulto, como arte que é, só nos é verdadeiramente útil quando atinge resultados visíveis) é necessário o uso da exactidão; dessa mesma exactidão que só subsiste aquando do uso do Bom Senso, e nunca da manifestação do Senso Comum.

Se me permites a observação, o problema parece ser outro: não acreditar na possibilidade da especulação. Saberás com certeza que a especulação é, na história da leitura arquitectura, elemento fundamental. É a partir dela que descobrimos coisas, que tentamos respostas, que recusamos realidades menos boas. E tenho por certo que tu próprio valorizarás críticas menos boas, simplesmente porque são essas que nos fazem pensar.

Depois, há uma outra questão, central: a da liberdade. Essa mesma liberdade que te torna tão sensato, e simultaneamente tão autor, é elemento basilar de tudo aquilo que prezas. Na verdade tu próprio dificilmente encontrarás alguém que se predisponha à análise de arquitectura sem que para tal use, aqui e ali, da saborosa maldissencia (se te lembrares de alguém, agradeço que me informes; recordando-te porém que sou frequentar assiduo desses bastidores onde tudo é bem mais divertido). E isso sim, é de elogiar; pelo menos para aqueles que preferem as tentativas (a Sensibilidade) e as tragédias (o Bom Senso) à banalidade (o Senso Comum).

E é aí mesmo, nesse território de liberdade (e não na injúria, como inocentemente sugeres) que pudemos de facto encontrar e perceber os epítetos que afirmas assemelharem-se a "injúrias" (acções, aliás, que deixariam babados quaisquer arquitectos que advoguem, por exemplo, a arquitectura ou o suicídio).
Seria um evidente sinal de generosidade e de curiosidade colectivas se oportunidades houvessem para que mais gente como esta pudesse de facto debater. Viveríamos, então, num lugar de maior civilidade e de heterodoxia, e não num país que efectivamente concede pouco espaço de manobra a todos aqueles que achem que a arquitectura serve para nos pôr em causa, da mesma forma que serve para se pôr em causa.

Quando ao teu pedido em deixar a sua obra "à margem" (notando que é da sua obra que por aqui se vai falando, e nunca da tua pessoa), evitando desse modo "esse refluxo de inertes ressabiados" que populam pelas caixas de comentários d'As Catedrais; resta-me apenas dizer que há um facto que dou, até mais ver, como certo: as obras de arquitectura são coisa pública.
Serás aliás tu, Bernardo, o primeiro a alimentar-me dessa crença, dispensado-te de guardar debaixo da cama aquilo que vem fazendo ao longo dos anos; o que só vem confirmar que todos temos a ganhar com a apresentação, a discussão e a fruição daquilo que fazemos; condição para melhorarmos, colectiva e individualmente.

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