Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Road Movie

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Não sei se é apenas coincidência mas, das últimas vezes que visito o Porto, dou de caras, invariavelmente, com uma conferência de Álvaro Domingues que, invariavelmente, se intitula A Rua da Estrada.
Desta vez foi a propósito do lançamento da EASI - a nova revista da Escola de Artes da Universidade Católica do Porto -, cujo número 1 nos dá a ler textos de Nuno Portas, António Olaio, Wim Wenders, da soberba Maria Filomena Molder (não confundir com a mui sobrevalorizada MF Mónica), Carlos Zíngaro, Pedro Serrazina (alguém ainda se lembra da Estória do Gato e da Lua?), Edgar Pêra, entre outros.

Acontece que a Rua da Estrada nunca é igual. Porque é uma espécie de work in progress do geógrafo portuense, que constitui um eficaz retrato da paisagem portuguesa, desmontando, não sem uma (aparente) leveza, com ironia qb (um pouco pedante, vá lá), aquilo que é, hoje, o nosso território físico. Quer isto dizer: aquilo que nós (não) somos.
A conferência constrói-se a partir de uma sequência de imagens da paisagem a partir de estradas nacionais, de ruas, de caminhos que atravessam a ligam as nossas cidades, por vezes cruzadas com imagens eruditas; encontrando-llhes, a umas a outras, paralelismos que roçam a caricatura.

Para lá dos sorrisos ingénuos do público que sai da conferência como quem sai de um sessão de Stand Up; das vezes que ouço Alvaro Domingues fica-me (cada vez mais) a incómoda certeza da nossa completa e crescente incapacidade de pensar aquilo o nosso habitat comum.
A pergunta impõe-se: não seria espectável, normal até, ouvir da boca de algum candidato a Presidente de Câmara uma ideia (uma ideia sequer) sobre aquilo que irão ser as nossas cidades daqui a 20 anos?

Há alguém que se atreva a pensar nisso? Naquilo onde iremos habitar daqui a 20 anos?

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