Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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A origem da dúvida

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Bem sei que para a blogosfera um mês e uns quantos dias de existência d'As Catedrais é pouco menos que uma irrelevância. Há gente que admiro, que passou horas e horas em volta de pequenos textos, durante meses, anos; que escreve com prazer coisas que (me) dão enorme prazer ler. Muita dessa gente escreve, de uma ou outra forma, sobre arquitectura e sobre tudo o resto que (também) faz parte dos meus dias. Esses gentes que regularmente acompanho, não todas, mas apenas aquelas que cabem no formado d'As Catedrais, fazem parte da lista de Links logo aqui ao lado. E isso sim, tem relevância; pelo menos para mim.

Evidentemente que, se decidi a uma dada altura escrever sobre arquitectura e outras tantas coisas, tive por vontade olhar sobre aquilo que me dá prazer, sobre fenómenos que de facto prezo, sobre objectos e autores que de facto admiro. E é isso que tenho procurado fazer: mostrar um ponto de vista sobre as coisas, discutir os pontos de vista dos outros, perceber-lhes o humor ou a falta dele, oscultar-lhes a curiosidade.

E no entanto, depois de um mês e uns quantos dias d'As Catedrais, olho para a lista de Arquitecturas e vejo menos coisas que prezo, e mais coisas que desprezo. E penso se valerá de facto a pena escrever sobre as coisas que desprezo.

Não que dê propriamente razão a amigos telefónicos que me dizem para ter cuidado ao escrever coisas como esta. Não. Acho até que coisas como esta, e as conversas que lhe seguiram, aqui como em outros lados, permitem perceber melhor o ambiente geral onde nos movemos, e as consequências que isso tem para a actividade que desenvolvemos quotidianamente. E isso terá por isso tanta ou mais importância do que falar sobre a obra do João Maia Macedo ou da forma de pensar do Pedro Maurício Borges. Digamos que, em situações destas, o prazer deu lugar ao dever.

No entanto esta coisa dos Blogs é também ela um pouco irreflectida: dou por mim a escrever sobre a Ordem dos Arquitectos a propósito de um abaixo-assinado em defesa do Museu dos Coches; como se isso fosse um facto importante (para mim). E não é. Porque é, apenas e só, um faits divers. Um desvio irrisório e desprezível.

Importante sim seria, por exemplo, responder á Barriga sobre a análise que ela faz (ingénua, quando a mim) ao projecto do Museu dos Coches, ou dar sequência ao ponto de vista de Gonçalo Afonso Dias sobre o mesmo. Ou perceber com (a ironia d)o ODP o que é que faz mover os SAMI, ou quem quer que faça projectos com cuidado e com apreço.

Porque, desconfio, perder tempo com faits divers é apenas isso: perder tempo.

Dispensar-me-ei por isso de tudo aquilo que aparente ser menos inteiro.Até ver.

6 comentários:

AM disse...

abordas tanta coisa diferente neste teu post que não é fácil pegar pela(s) ponta(s)
isto da blogosfera (fala odp com a "autoridade" de alguns quase 40 meses... de velho...) a-vareia entre ter toda e nenhuma importância
as postas, a blogo, tem apenas a importância que lhe queiramos atribuir
gosto da epígrafe do Lourenço: a blogo é toda sobre o egoísmo e o exibicionismo
salvo melhor opinião acho que a blogo não é o local certo para coisas mais "sérias" e "oficiais"
para isso existem, ou deverão existir (revistas, livros, etc.) outros "suportes" (embora concorde que a blogo pode dar origem a outros "produtos", penso que o que faz a "originalidade" da blogo é a possibilidade de ser "diferente" na maneira como comunica, afinal, os mesmos conteúdos)
o que é importante... o que não é importante...
já postei coisas que eu achava (e acho) uma parvoíce que não iriam interessar a ninguém e recebi, com surpresa, comentários entusiásticos
o contrário também já aconteceu
já postei coisas que tive a vaidade de julgar "importantes" e que foram "recebidas" (se de todo...) com o mais olímpico desprezo
isto para dizer que... you never know...
importante é responder ao "Um Big O" do barriga dizes tu!?
importante é ignorar (eu sei que é difícil...) ignorar aquelas "enormes" chachadas "dialécticas" que dão (salvo seja) para todos os lados e que acabam sempre por nunca se comprometer com qualquer ponto de vista (e muito menos com qualquer ponto de vista "incorrecto"...) sobre as coisas
como diz outros dos nossos "colegas" "não é fácil dizer bem" (e, infelizmente, existe muito mais para dizer mal que para dizer bem...)
quanto ao dia 28 o que será, será
os jantares fazem-se comendo e etc. :)
fico à espera de outra posta, desta vez, sobre os SAMI
és bom de escrita e (es)tás fresco nisto
agora vai... :) vai postar :) e dá-lhes trabalho! :)

Pedro Machado Costa disse...

De repente senti-me Sancho Pança, vá-se lá saber porquê

Mário Duarte disse...

Pedro,
perder tempo é mau, blogosférico ou não. E falo de cima dos meus quase 40 anos... de idade.
Na minha opinião deves fazer uma coisa que contraria muito do "pensamento arquitectónico" - o que te dá na real gana.
Não percebi os perigos inerentes a determinado post, podes aprofundar essa questão? (são os posts pedidos).
E perigos em jantares de bloggers arquitectos, não há?
ab.

AM disse...

odp é o burro :)
quem é o quixote!?

AM disse...

ui... cuidado com as "espinhas" e outra postas espinhosas...

Pedro Machado Costa disse...

Mário. Olá Mário.
Eu também (ainda) não percebi (todos) os perigos; mas que eles andam aí: Ainda ontem publiquei um texto a propósito de uma discussão que tinha acabado de ter ao telefone com um amigo, exactamente sobre a participação numa exposição de arquitectura.
Diria que o texto rematava o meu ponto de vista.
E no entanto, para além de um telefonema de desagrado e da consequente necessidade (por respeito, apenas por respeito) de retirar o texto, acho que, afinal, esse amigo não era assim tão amigo.

Quanto ao perigos dos jantares, talvez amanhã possa avançar com alguma informação suplementar.

ab.

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