Quando as Catedrais eram Brancas, notas breves sobre arquitectura e outras banalidades, por Pedro Machado Costa

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Recordar é Viver

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Ainda a propósito do séquito presidencial da Ordem dos Arquitectos, e do palavreado trocado por aqui, recebi amável mensagem que me autoriza a (re)publicar excerto do seguinte manifesto, já com 4 anos:

5 - Apelo igualmente ao Presidente da República (...) este é um problema de ordem nacional, supra partidos o interesses profissionais. Assistimos em cada hora que passa à destruição do País precisamente porque a maioria dos arquitectos que, como eu, tentam profissionalmente actual, se vêm distanciando daquilo para que estudaram (...). Como tal, esta é a sua luta, Senhor Presidente, enquanto desígnio da identidade da nação. Em todos os outros estados civilizados a arquitectura é uma das fortes caras da nação. Em Portugal continua um filho menor, premeiam-se os bravos indivíduos, e deixam-se aqueles que são o corpo da profissão (...) sós no deserto dos compromissos minados. Os que tentam honrar simplesmente a vontade e o seu destino.
Há, claro, alguma ingenuidade nestas palavras. E no entanto desconfio (não totalmente, vá lá, até porque a carne é fraca) que estaríamos perante gente que, por concordar que de facto os políticos deviam ser os últimos a espojar-se na arquitectura, seria bem capaz de entregar todas as medalhas, e refutar qualquer tipo de convite institucional até á definitiva extinção do 73/73 e de tudo aquilo que o venha substituir (vai ser bem pior, vão ver).

Teria sido, claro, uma bela bofetada de luva (branca) ver a Ordem dos Arquitectos recusar o convite da Presidência da República; até porque o simples acto teria feito mais pelo fim do 73/73 do que tudo o resto.
Além do mais a Alexandra Prado Coelho teria visto o seu texto na primeira página do Público.

E no entanto, embora inegável e deliciosamente poético, o acto teria sido em vão. Simplesmente porque me parece, hoje, que o 73/73 é o menor dos (nossos) problemas.

2 comentários:

Pedro Machado Costa disse...

Curiosidade estatística: entre os presentes no séquito de Berlim, conto pelo menos 4 dos subscritores do Manifesto Bernardino.

AM disse...

outra oportunidade perdida, portanto...
recordo-me disso, não por acaso não aparece por lá nenhum link para o meu odp
é um texto que tresanda... "correcção" (e que pelos vistos "rendeu"...)
já não sei o que pensar da "importância" da "revogação" do 73/73...
já ouço falar nisso (salvo erro) desde 85...
seria apenas uma questão de princípio... o resto logo se via

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