Era disto que Massad falava, quando falava na obrigação de mudar a forma das coisas: de Ordos, por exemplo. Alega Massad que a aceitação cega da cenoura (à frente do burro) equivaleria à própria destruição do significado da arquitectura - isto dito por mim.
Não se trata obviamente de um problema de consciência, até porque seria uma hipocrisia pensar-se em alguém que tem como única ambição fazer arquitectura fosse capaz de desprezar uma encomenda como a de Ordos - e aqui a minha posição é de que não há nenhum trabalho que mereça a recusa. E no entanto a questão não reside tanto na recusa ou no seu contrário, mas antes na capacidade em agir criticamente sobre ela. Ou seja: ser capaz de inverter as regras do jogo.
O problema aqui é que não acredito que alguém tenha já vontade de mudar qualquer tipo de regras.
3 comentários:
conheces esta proposta:
http://bakerhouse.org/
diz lá que isto não é subverter as regras...
abraço
p.
Augé é interessante. fala-nos de não lugares. E se calhar a arquitectura começou com a criação do lugar. As voltas que o mundo deu...
A arquitectura também faz não lugares:
parques de estacionamento, aeroportos e até espaços demasiadamente específicos que não chegam à condição de lugar humano - onde não se estabelecem laços de afectividade ou razões de coesão social.
É neste sentido que Ordos não passa de um não lugar anedota: com narrativa ainda mais picante do que um qualquer resort assinado por arquitectos de blaser preto.
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